Vinícius Sassine - O Globo
Ex-presidente da Petrobras presta depoimento à CPI mista no Congresso, com a presença de parlamentares da oposição
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista da Petrobras nesta quarta-feira, o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli afirmou que a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, foi "barata", com um preço abaixo de mercado. Ele defendeu o negócio em sua fala inicial à comissão, e disse que Pasadena é lucrativa, argumentando render faturamento de US$ 14 milhões por dia e lucro de US$ 62 milhões, números referentes ao primeiro trimestre deste ano.
Na CPI mista, os primeiros questionamentos partiram dos deputados da oposição. O relator, deputado Marco Maia (PT-RS), deixou suas perguntas para o final.A sessão deve se estender ao longo desta quarta-feira já que a CPI mista conta com parlamentares da oposição, que formulam diferentes questões a Gabrielli. No depoimento à CPI da Petrobras exclusiva do Senado, em 20 de maio, o ex-presidente praticamente não foi incomodado. As únicas perguntas partiram do relator da comissão, senador José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso.
- O preço pago para a compra de Pasadena foi de US$ 554 milhões, em 2006 e em 2012. Nós compramos uma refinaria barata, abaixo do preço de mercado. A aquisição da comercializadora de petróleo e derivados custou outros US$ 340 milhões. Com as custas judiciais, o valor chega aos US$ 1,2 bilhão - disse Gabrielli na primeira explanação na CPI mista.
Ele negou ter havido qualquer ilegalidade na compra da segunda metade da refinaria de Pasadena, que pertencia à companhia belga Astra Oil. O negócio é investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF). A presidente Dilma Rousseff, quando presidia o Conselho de Administração da Petrobras, em 2006, alegou ter se baseado em parecer "falho" para aprovar a compra da refinaria, elaborado pelo então diretor da Área Internacional Nestor Cerveró.
Gabrielli negou ter havido qualquer "ilegalidade" na compra da segunda metade da refinaria. O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) acusou o ex-presidente da Petrobras de prevaricação por não ter agido diante da constatação de um parecer "falho" para a compra do empreendimento.
- Eu levei para o Conselho de Administração uma decisão da diretoria colegiada (com proposta de compra da segunda metade da refinaria). Respeitamos inteiramente naquele momento o estatuto da empresa. Não houve nenhuma ilegalidade no processo decisório. E o prejuízo de US$ 530 milhões já foi contabilizado. A cada lucro do ativo, reduz-se esse prejuízo - afirmou Gabrielli.