segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ronaldo, o “Fenômeno”, diz que a culpa é do governo, não do futebol

Blog Rodrigo Constantino - Veja


 
 
Em entrevista ao Valor, o ex-jogador Ronaldo, também conhecido como “Fenômeno”, fala sobre a Copa e seus efeitos políticos. Ronaldo protagonizou recentemente um desentendimento público com a presidente Dilma, ao admitir que tinha vergonha pelos atrasos das obras para a Copa, levando a presidente a rebater que não tinha vergonha alguma. Realmente, sabemos que ter vergonha não é o forte dos petistas, caso contrário dificilmente continuariam sendo desse partido. Abaixo, alguns trechos da entrevista:
 
 
Valor: Mas essa expectativa não foi criada quando se anunciou a chegada da Copa. Não houve um exagero de expectativa?
Ronaldo: Sim, mas o que a Fifa e a Copa do Mundo têm a ver com isso? Não têm nada a ver. Os culpados são os governos que prometeram e criaram essa expectativa para o povo. É uma oportunidade perdida. A gente tinha tudo para aproveitar esta grande chance e fazer tudo acontecer, entregar todos os investimentos prometidos ao povo e fazer uma grande festa. Foi uma grande oportunidade perdida. Foi feita muita coisa, mas poderia ter sido feita muito mais.
 
Valor: Porque você acha que as obras atrasaram?
Ronaldo: Por quê? Eu não sei. É um planejamento. Posso dizer que em todas as outras Copas do Mundo houve muito atraso. Em 2006, a Alemanha, que é primeiro mundo, não entregou um estádio para a Copa das Confederações e acabou fazendo o torneio com um estádio a menos. Isso não é um problema. Dá-se um jeito. Mas os atrasos que eu acho que são uma grande pena para o nosso povo são os que acontecem em infraestrutura, em aeroportos, em mobilidade urbana. Esse é o legado que deveríamos ter da Copa e teremos pouco, de acordo com o que era previsto antes. É isso que as pessoas precisam entender: isso são os governos. Os governos em que elas mesmas votam. Isso não tem nada a ver com futebol, com a Copa.
 
[...]
Valor: O gastos com a Copa vão ser de R$ 25 bilhões, sendo uns R$ 14 bilhões com mobilidade e aeroportos, que teríamos que fazer de qualquer jeito. R$ 10 bilhões são em estádios. Você acha isso muito?
Ronaldo: Eu acho que essa pequena parte da população que está fazendo manifestações contra a Copa – não digo os vândalos nem os black blocks que vão quebrar as coisas, esses a gente condena de cara -, mas o povo em geral está confuso. As informações são sempre todas distorcidas, tudo é muito manipulado para que seja uma coisa negativa. A Copa do Mundo é uma vítima que chegou num País completamente desarrumado. É vergonhoso. Um país, em que agora o povo parece estar muito revoltado, pouco paciente, pouco tolerante. Na verdade, a Copa veio para trazer uma série de investimentos ao nosso país. Investimento esse que a gente não sabe se algum dia sairia.
 
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Valor: Esse clima que existe em relação à Copa, existe também na classe empresarial. Você que é também um empresário, você corrobora essa opinião. O Brasil está nesse momento ruim? Como é que você se sente como empresário?
Ronaldo: Inseguro. Inseguro como o setor todo. Eu tinha previsão de fazer investimentos no Brasil no ano que vem e não vou fazer. Essa insegurança que estamos vivendo, essa instabilidade, a revolta, o ódio do povo… o governo deveria tranquilizar a população, o setor empresarial. Dizer que está tudo tranquilo, mas não faz isso. A gente vive tapando buraco aqui e ali e o Governo não dá segurança à população.
 
[...]
Ronaldo: Ainda há muita oportunidade no Brasil. Amo meu país, sou patriota. Mas tenho receio e o estrangeiro também tem muito receio de investir no Brasil. Principalmente agora que estamos às vésperas de uma eleição.
 
Valor: Você vai votar em Aécio Neves (PSDB-MG)?
Ronaldo: Eu voto no Aécio.