quarta-feira, 25 de abril de 2018

Naufrágios da Segunda Guerra: maior assalto a túmulos do mundo

Com O Estado de São Paulo
The Guardian, novembro de 2017: “Dezenas de naufrágios da Segunda Guerra Mundial que contêm os restos de milhares de militares britânicos, americanos, australianos, holandeses e japoneses foram ilegalmente destruídos por mergulhadores. Análises de navios descobertos por mergulhadores revelaram que até 40 navios da Segunda Guerra já foram parcialmente ou completamente destruídos. Seus cascos poderiam ter contido os cadáveres de 4.500 tripulantes.”
ilustração com mapas dos Naufrágios da Segunda Guerra Mundial na ásia
O mapa dos assaltos a túmulos (Ilustração: The Guardian)

Mais túmulos correm o risco de serem profanados

“Governos temem que outros túmulos corram o risco de serem profanados. Centenas de navios – principalmente japoneses que podem conter milhares de tripulantes mortos durante a guerra – permanecem no fundo do mar.  Eles também contêm metais valiosos. Entre outros, cabos de cobre e hélices de bronze fosforescente. Especialistas dizem que os escavadores estão procurando mais  tesouros – chapas de aço feitas antes da era dos testes nucleares, que preenchiam a atmosfera com radiação. Esses navios submersos são uma das últimas fontes de aço praticamente livre de radiação, vitais para alguns equipamentos científicos e médicos.”

Célebres navios de guerra da Grã-Bretanha foram recuperados ilegalmente

The Guardian revelou em 2016 que os destroços de alguns dos mais célebres navios de guerra da Grã-Bretanha foram recuperados ilegalmente. Isso provocou tumulto entre veteranos e arqueólogos, que acusaram o governo do Reino Unido de não se mexer  para protegê-los. Três navios – HMS Exeter, HMS Encounter e HMS Electra – continham os corpos de mais de 150 marinheiros. Todos afundaram durante as operações no mar de Java em 1942, uma das escaramuças mais caras para os Aliados durante a guerra. Em 2014, os naufrágios do HMS Repulse e do HMS Prince of Wales e túmulos para mais de 800 marinheiros da Royal Navy foram encontrados com danos.”

Ministério da Defesa do Reino Unido exige que Indonésia proteja os navios

“O Ministério da Defesa do Reino Unido exigiu que a Indonésia proteja os navios. Um naufrágio militar deve permanecer inalterado e aqueles que perderam suas vidas a bordo devem poder descansar em paz, disse um porta-voz do ministério. Desde então, mergulhadores na Malásia enviaram fotos mostrando a destruição de três navios japoneses afundados na costa de Bornéu em 1944. E um dos mais preciosos da Austrália, o cruzador leve HMAS Perth, também foi arruinado. Dan Tehan, ministro australiano para assuntos de veteranos, disse ao Guardian:
O HMAS Perth é o lugar de descanso final para mais de 350 australianos que perderam a vida defendendo os valores e as liberdades da Austrália, então os relatórios sobre os destroços  são profundamente perturbadores e de grande preocupação.
Milhares de marinheiros descansam no fundo do mar. E veteranos argumentam que os navios devem ser preservados como sepulturas de guerra.

Naufrágios da Segunda Guerra Mundial retalhados por ladrões

Grandes gruas  foram fotografadas acima dos locais de naufrágio. No fundo do mar, mergulhadores encontraram navios cortados ao meio. Muitos foram completamente removidos, deixando um buraco em forma de navio.”
ilustração de barcaça para assaltar Naufrágios da Segunda Guerra Mundial
Uma barcaça e mergulhadores assaltando naufrágios da Segunda Guerra Mundial
Uma barcaça para em cima do naufrágio. Mergulhadores descem…
ilustração de barcaça para assaltar Naufrágios da Segunda Guerra Mundial
Eles colocam explosivos nos navios que são destruídos…
ilustração de gruas nos naufrágios da Segunda Guerra Mundial
Ilustração: The Guardian
E recolhem o que sobrou não respeitando as mortes provocadas pelos equívocos da história. Este não é o único problema causado pela Segunda Grande Guerra nos mares. Milhares de toneladas de bombas, inclusive químicas, restos de armamentos nazistas, jazem no fundo do Báltico e do Mar do Norte. Especialistas alertam que, além da poluição, o armamento pode provocar câncer em quem se banha no Báltico.

Fonte: The Guardian.