Alguns ainda o criticam pela “Carta à nação”, com participação de Temer – note bem – eterno protetor de seu indicado ao supremo.
O amigo Adilson Veiga fez um belo texto falando sobre o Bom senso conservador, que vale a pena ser lido: o conservador é ponderado e pensa no futuro. Um bom exemplo foi como agiu o Presidente.
O olhar que lanço aqui é o momento em que Bolsonaro chegou ao palanque das maiores manifestações da história do Brasil. Pense bem, milhões lhe apoiando nas ruas!
Claro que ele poderia dar um grito para “tomar o poder” – ao estilo revolucionário e, literalmente, seria apoiado por todo aquele povo reunido – não há exército capaz de parar tal movimento, a não ser com um democídio em massa!
Mas ele não o fez! Sabe porquê? Explico.
Toda sociedade precisa ter um tecido social harmônico, pautado pelo respeito e liberdade, apesar das diferenças. Quem quiser governar – numa Democracia digna do nome – precisa convencer o povo. E, quando não convence mais, troca-se na eleição seguinte ou, em casos gravíssimos, num impeachment.
Governar na base do fuzil, não é governar, mas implantar um sistema totalitário. O “paraíso” socialista acabou na URSS, apesar de décadas de medo. Se fosse fácil acabar com os problemas pelas armas, o mundo já teria resolvido todos os seus problemas, mas isso jamais aconteceu.
Um caso famoso foi Esparta, terra de guerreiros que não existe mais. Em contrapartida, o berço das Democracias, Atenas, mesmo com sérios problemas há milênios, se depurou e existe até hoje.
Vamos imaginar o que aconteceria, se Bolsonaro tivesse caído na tentação de “tomar o poder” – como Zé Dirceu gosta de propor.
O que faria com os demais Poderes? Iria prender? Todos? Alguns? Quantos? Quais? Onde colocar? Haveria confronto? Claro que sim! Poderiam haver mortes, num enfrentamento? Por menor que fosse o enfrentamento – e sabemos que os radicais da esquerda iriam enfrentar, pois querem isso mesmo – certamente haveriam mortes.
Como cumprir uma constituição parlamentarista sendo Presidente e poder único? E a Constituição? Seria feita uma, às pressas – nas coxas, ao modo soviético – para justificar possíveis ações arbitrárias? E como reagiriam às nações? E os poderosos do G8? Haveria risco de retaliação?
Quem nega esses riscos, não entende nada de política e nem de geopolítica.
Como reagiriam os investidores? Calejados de “golpes” na América Latina, muito provavelmente iriam paralisar investimentos – ninguém coloca seu dinheiro onde não há mínima segurança.
O dinheiro, que hoje é injetado graças à nova postura do Brasil de Bolsonaro, só voltaria quando as coisas se acalmassem. Essa é uma questão incontornável. Ou, à moda socialista, iríamos nos “fechar” para o mundo e viver como Cuba?
Quando as coisas iriam se acalmar? Quem pode prever? Os investimentos levaram três anos para retornar, pós-1964. Como ficariam os empregos dos trabalhadores, num país que ainda não superou os problemas da era petista e os efeitos da pandemia?
E mais do que isso: quanto tempo o povo iria suportar um “novo regime”? A adesão e apoio aos militares, foi caindo gradativamente durante os dez primeiros anos. Os dez anos seguintes foram ainda piores, com a esquerda inflamando o povo contra os militares. Por isso, voltaram ao poder.
Por que foi assim? Porque não cumpriram a promessa de restaurar a Democracia a curto prazo e, com a economia patinando, a esquerda – especialista em ódio – tirou proveito.
Percebe que a questão não é simples, e não é num estalar de dedos que se reverte 35 anos de aparelhamento e formação de mentes da sociedade? E nem se resolve apontando um fuzil: não somos revolucionários com sinal trocado!
Essa história de que está “decepcionado” com JB, não dá mais, né?
Já se colocou no lugar dele? Fez essas perguntas? É o que faz um verdadeiro conservador. É irreal exigir que o Presidente, sozinho e em um mandato, resolva o que deixamos se instalar por décadas. Quem promete essa façanha, está mentindo! Ou quer guerra civil e não se importa com a vida do povo.
Quem age movido pela emoção talvez nem percebeu o maior fruto de Sete de Setembro: as FFAA foram convidadas para participar de todo – repito – todo o processo eleitoral. Só esse fato já confirma a pré-candidatura de Bolsonaro, que confia plenamente nas FFAA.
Será que isso impulsionou a manobra para aproximar Haddad e Alckmin podendo, em conversas, até gerar um substituto à candidatura do ex-condenado, mais temeroso com a participação das FFAA no processo?
Apenas precisamos de tempo e apoiar Bolsonaro até 2026, preparando seu substituto para continuar a retomada do Brasil. E melhor, com a economia levantada, nossas chances serão melhores.
Entendeu agora porque a decisão de Paz, de Bolsonaro, resistindo a tentação de “tomar o poder”, foi a melhor escolha?
Oro para que as pessoas se entreguem menos às emoções, reflitam mais profundamente e pensem no futuro – sem ilusão de que se pode resolver graves problemas num passe de mágica.
Angelo Lorenzo
Jornal da Cidade