Seis mulheres denunciaram o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) por prática de “rachadinha” em seu gabinete, revelou uma reportagem da revista Veja. Marina Santos, Érica Castro, Lilian Braga, Jessyca Pires, Larissa Braga e Adriana Almeida, moradoras do Entorno do Distrito Federal, foram contratadas como assessoras, mas jamais trabalharam para o parlamentar. O esquema, iniciado em 2016, teria desviado ao menos R$ 2 milhões.
As mulheres tinham vencimentos mensais entre R$ 4 mil e R$ 14 mil, mas devolviam parte do montante ao gabinete de Alcolumbre.
Relatos
“O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era acima de R$ 14 mil, mas topei receber apenas R$ 1.350”, contou a diarista Marina Santos. “A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que teria sido contratada pelo Senado.”
A estudante Érica Castro também tinha salário de R$ 14 mil, mas embolsava apenas R$ 900. “Eles ficavam até com gratificação natalina”, revelou. “Na época, eu precisava muito desse dinheiro. Hoje, tenho vergonha disso.”
A dona de casa Adriana Almeida foi contratada como “ajudante júnior” de maio de 2017 a fevereiro deste ano. O holerite mostra que seus vencimentos eram de R$ 4 mil. “Mas eu só recebia 800 reais por mês”, disse. Ela revelou que esteve no Senado “umas quatro vezes” para levar os documentos, mas não sabe o cargo que exercia nem o motivo de sua demissão. “Nunca prestei nenhum tipo de serviço para o senador, também nunca o vi.”
De acordo com a Veja, os extratos das contas das mulheres mostram que o salário era depositado e imediatamente sacado.
Alcolumbre rebate
Em nota à imprensa, o senador amapaense rebateu as acusações e afirmou que está sendo vítima de perseguição.
“Venho sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes. Há algumas semanas soltei nota à imprensa informando que não aceitaria ser ameaçado, intimidado e tampouco chantageado. Pois bem, além de repetir firmemente o mesmo posicionamento, acrescento que tenho recebido todo tipo de “aviso”, enviado por pessoas desconhecidas, que dizem ter informações sobre uma orquestração de denúncias mentirosas contra mim.
Primeiro, fui acusado de ser um intolerante religioso (um judeu contra um evangélico), depois um áudio, de quase 10 anos atrás, foi divulgado em uma narrativa venenosa e maldosa de algo que nunca aconteceu.
Na sequência, uma operação da Polícia Federal, iniciada em 2020 e com desdobramentos somente agora, em vários estados, onde apenas um nome foi citado e amplamente divulgado: o meu. Operação na qual não sou investigado.
Agora, novamente, sou surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e até mesmo o repudiável confisco de salários.
Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem.
Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos.
Continuarei exercendo meu mandato sem temor e sem me curvar a ameaças, intimidações, chantagens ou tentativas espúrias de associar meu nome a qualquer irregularidade.
É nítido e evidente que se trata de uma orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal.
Davi Alcolumbre
Senador da República”
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Edilson Salgueiro, Revista Oeste