Monitor do PIB mostra, no entanto, que, no curto prazo, já se observa melhora na atividade econômica do país
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve queda de 8,7% no segundo trimestre ante o primeiro trimestre, segundo o Monitor do PIB, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a redução foi de 10,5%, conforme os dados divulgados nesta terça-feira, 18.
Segundo a FGV, a retração de 8,7% do PIB no segundo trimestre é a maior queda da história brasileira desde 1980, quando dados trimestrais passaram a ser computados.
“É inegável que a pandemia de covid-19 trouxe enormes desafios para a economia brasileira que ainda devem demorar a serem solucionados. No entanto, na análise desagregada dos meses do segundo trimestre, nota-se que o pior desempenho foi em abril. Embora as taxas interanuais de maio e junho ainda estejam muito negativas, já houve melhora dos resultados nestes meses na comparação dessazonalizada”, diz a nota divulgada pela instituição.
Em junho, isoladamente, houve alta de 4,2% no PIB, na comparação com maio. Em relação a junho de 2019, a queda na atividade econômica foi de 6,5%.
“Embora a economia esteja no segundo trimestre em situação pior em comparação ao anterior, no curto prazo já se observa uma melhora da atividade”, continua a nota da FGV.
Pelo lado da oferta, o tombo recorde do PIB no segundo trimestre foi puxado pela indústria, cuja atividade diminuiu 12,8% em relação aos três primeiros meses do ano, e pelo setor de serviços, que recuou 8,4%, na mesma base de comparação.
Pelo lado da demanda, tanto o consumo das famílias quando a formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) puxaram a queda histórica. O consumo das famílias despencou 11,6% ante o segundo trimestre de 2019.
“Na análise do consumo de bens, as fortes retrações no consumo de semiduráveis (-51,0%) e de duráveis (-30,2%) são explicadas por quedas em todos os segmentos que compõem estes tipos de consumo. Já o consumo de não duráveis, embora tenha retraído 1,1% no trimestre, apresentou crescimento nos segmentos alimentícios e de artigos farmacêuticos e de perfumaria. O consumo de serviços também apresentou retração em diversos segmentos, embora as quedas no consumo de alojamento e alimentação e de saúde privada tenham sido as maiores contribuições para a queda deste tipo de consumo”, continua a nota.
Já a FBCF retraiu 20,9% no segundo trimestre, em comparação com igual período de 2019. Segundo a FGV, houve queda em todos os componentes, mas 70% da redução dos investimentos se deveram à expressiva retração dos aportes em máquinas e equipamentos (-35,9%), com destaque para “automóveis, camionetas, caminhões e ônibus”.
Com isso, estima-se que a taxa de investimentos tenha ficado em 15,8% do PIB no segundo trimestre. Essa taxa é 2 pontos porcentuais (p.p.) abaixo da média desde 2000, ainda de acordo com a FGV.
O Monitor do PIB serve como prévia para os dados oficiais trazidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Roberta Ramos, Revista Oeste