A Petrobras informou nesta quinta-feira (27) que iniciou no sábado (22) o primeiro teste de longo prazo de produção de petróleo e gás nas reservas gigantes descobertas na bacia de Sergipe-Alagoas. A região é considerada pelo mercado como a mais promissora fronteira exploratória brasileira depois do pré-sal.
Com duração de 180 dias, o teste tem o objetivo de buscar maiores informações sobre os reservatórios em águas ultraprofundas encontrados na área a partir de 2012. Será realizado em descoberta batizada de Farfan, projeto no qual a Petrobras tem parceria com o consórcio indiano IBV.
As descobertas em Sergipe geraram grande expectativa de negócios e receita para uma região que produz petróleo há mais de meio século, mas hoje convive com o declínio dos campos an tigos e a falta de interesse da Petrobras pela exploração em terra, onde está a maior parte da atividade.
Com grande potencial para a produção de gás, a área é vista também pelo governo federal como um possível impulsionador do chamado "choque de energia barata" prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro.
Segundo a Petrobras, o teste de Farfan vai produzir 7 mil barris de petróleo e 500 mil metros cúbicos de gás por dia, por meio de poços interligados ao navio-plataforma Cidade de São Vicente. Localizado a 2.500 metros da superfície, o primeiro poço do projeto é o mais profundo que a estatal já colocou em operação no país.
Será também o primeiro teste de produção em águas ultraprofundas no Nordeste. "Os testes são importantes para comprovar a qualidade dos reservatórios e definir os futuros projetos de desenvolvimento da produção", disse a Petrobras, em nota.
As reservas têm petróleo de boa qualidade (petróleo leve, no jargão técnico), o que indica descontos menores em relação às cotações internacionais de referência, como o Brent, negociado em Londres. Em 2015, um um teste mais curto na área identificou "boa produtividade", disse a estatal.
As descobertas da Petrobras atraíram o interesse da gigante americana ExxonMobil, que adquiriu nove blocos exploratórios na Bacia de Sergipe-Alagoas nos últimos leilões promovidos pelos governos Temer e Bolsonaro - em todos, tem parceria conterrânea Murphy e com a brasileira Enauta.
A Petrobras tem até o fim de 2020 para confirmar a comercialidade de três descobertas na região. Nessa etapa, o concessionário decide se investirá no desenvolvimento da área ou se devolve o bloco à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), perdendo o que já gastou na busca por reservas.
Segundo o plano estratégico da estatal, a primeira produção comercial nas águas ultraprofundas de Sergipe ocorrerá em 2024.
Nicola Pamplona, Folha de São Paulo