O setor público consolidado brasileiro teve superávit primário de R$ 56,276 bilhões em janeiro, melhor para o mês na série histórica do Banco Central, ajudado pela arrecadação de tributos sobre a renda das empresas, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (28).
A expectativa era de um saldo positivo de R$ 46,8 bilhões para o mês.
Diante do expressivo resultado primário, o resultado nominal, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, ficou no azul em R$ 19,120 bilhões —o que já havia acontecido em janeiro do ano passado, quando o superávit nominal foi ainda maior, de R$ 26,044 bilhões.
A piora no nominal deu-se pelo crescimento de 78,2% na conta de juros, a R$ 37,155 bilhões em janeiro deste ano, na esteira de resultado desfavorável com swaps cambiais: perda de R$ 7,615 bilhões, frente a um ganho de R$ 11,628 bilhões em igual mês de 2019.
Sozinho, o superávit do governo central (governo federal, BC e Previdência) foi de R$ 45,469 bilhões no primeiro mês deste ano, cerca de R$ 10 bilhões acima de igual período do ano passado.
Janeiro é um mês tradicionalmente positivo, ajudado pela arrecadação com Imposto de Renda Pessoa Jurídica/Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido.
Na semana passada, a Receita Federal já havia informado que, por conta justamente desses tributos, a arrecadação teve seu melhor janeiro da série histórica. No mês, houve arrecadação atípica de R$ 2,8 bilhões com IRPJ/CSLL.
Em nota, o Tesouro destacou na véspera que o superávit histórico do governo central foi "parcialmente explicado pelo movimento sazonal de maior arrecadação de IRPJ/CSLL, bem como pelo crescimento da arrecadação de Cofins".
Estados e municípios tiveram superávit de R$ 10,143 bilhões em janeiro, enquanto as empresas estatais ficaram no azul em R$ 664 milhões.
Em 12 meses, o déficit do setor público consolidado foi a R$ 52,493 bilhões, equivalente a 0,72% do PUB (Produto Interno Bruto)
Para o ano, a meta é de um rombo primário de R$ 118,9 bilhões, sétimo resultado consecutivo no vermelho. Mas membros da equipe econômica já afirmaram que o governo irá sugerir que Estados e municípios tenham projeção de resultado primário zero em 2020, ante meta de superávit de R$ 9 bilhões já aprovada para o exercício.
Caso a mudança seja aprovada pelo Congresso, a meta de déficit do setor público consolidado para 2020 subirá a R$ 127,9 bilhões.
Dívida
Em janeiro, a dívida bruta cresceu a 76,1% do PIB, contra 75,9% em dezembro.
Por sua vez, a dívida líquida caiu a 54,2% do PIB na mesma base de comparação, contra 55,7% no mês anterior e expectativa em pesquisa Reuters de que ficaria em 55,3% do PIB.
Reuters