segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Brasil vai monitorar passageiros vindos de Itália, França e Alemanha com sintomas de coronavírus

Ministério da Saúde adicionou nesta segunda-feira, 24, países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo os primeiros três da Europa: Itália, Alemanha, França. Além desses, entram no rol do governo federal Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes. Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que chegarem ao Brasil desses locais com sintomas típicos do vírus, como febre e tosse. Segundo apurou o Estado com integrantes da pasta, o novo enquadramento é resultado da confirmação da transmissão da doença dentro desses países.
Itália luta contra
Mulheres usam máscaras na região central de Milão  Foto: ANDREAS SOLARO / AFP
Antes da nova definição, pessoas com sintomas de gripe vindas da Itália, por exemplo, não recebiam atenção especial da vigilância sanitária brasileira, pois a suspeita do novo coronavírus era descartada na hora. Agora, haverá um protocolo específico pelo qual, caso o passageiro tenha febre associada a algum outro sintoma, será enquadrado automaticamente como caso suspeito.
Uma análise clínica poderá ser feita no desembarque pela autoridade sanitária e, caso a suspeita se mantiver, o passageiro deverá ser levado a um hospital. Além da China, epicentro do novo coronavírus, o Brasil já havia colocado no mesmo rol de alerta, na semana passada, casos de passageiros vindos do Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja. Há recomendação do governo para que não sejam feitas viagens apenas para a China, onde mais de 2,5 mil pessoas morreram após serem contaminadas.


Na Europa, a maior preocupação é com a Itália, que já registrou mais de 200 casos e seis mortes. O surto se concentra principalmente no norte do país, onde ao menos 11 cidades foram colocadas sob quarentena.
No caso do Irã, o país se tornou no domingo, 23, o que mais regitrou mortes fora da China, com oito vítimas. Ao todo, são 43 casos confirmados entre os iranianos.
Segundo dados do Ministério da Saúde desta segunda-feira, 24, há quatro casos suspeitos da doença no Brasil, sendo três em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Já foram descartadas 54 análises de suspeitas. A avaliação de integrantes da pasta é de que, com a inclusão de mais países na lista de alertas, o número de casos suspeitos deve subir.

Governo está em fase final de contratação de equipamentos 

Segundo apurou o Estado, o governo está em fase final de contratação de equipamentos para combater a possível chegada da doença ao Brasil, como máscaras e luvas. Já a contratação de mil leitos em hospitais, anunciada no fim do mês passado pelo Ministério da Saúde como medida emergencial, ainda está em análise.
“Buscando aumentar a capacidade assistencial e trabalhar de forma adequada as fases de contenção e mitigação descritas no Plano de Contingência, o Ministério da Saúde está em processo de contratação de 1.000 leitos de UTI distribuídos em todo território nacional. O mapeamento dessas necessidades se dá pelos profissionais da Secretaria de Atenção Especializada e Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde e que compõem o COE COVID-19”, disse o Ministério da Saúde, em nota enviada nesta segunda-feira. O governo também corre para garantir a compra de imunoglobulina, medicamento usado em pacientes com imunidade baixa e para amenizar efeitos de infecções. O medicamento pode ser usado em pacientes infectados pelo novo coronavírus.
A ideia é trazer o produto emergencialmente da China e da Coreia do Sul, mas a finalização da importação ainda aguarda aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Mateus Vargas e Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo