sábado, 28 de julho de 2018

PSDB lança Anastasia ao governo de Minas


Antonio Anastasia oficializou sua candidatura ao governo de Minas - Reprodução Instagram


Em evento sem a presença do senador Aécio Nevesenfraquecido por denúncias de corrupção, o PSDB de Minas Gerais lançou, na tarde deste sábado, o senador Antonio Anastasia como pré-candidato ao governo do Estado. Na coligação com o tucano, o vice na chapa será o deputado Marcos Montes, do PSD. Anastasia foi vice-governador de Minas na gestão de Aécio e assumiu o governo em março de 2010, quando o aliado deixou o Palácio da Liberdade. Se reelegeu governador no mesmo ano. Anastasia já conta com o apoio de seis partidos: PSD, PTB, PSC, PMN, Solidariedade e PPS.

Com a indefinição de Aécio sobre os rumos que vai tomar em outubro, ficou para a semana que vem o anúncio dos candidatos a deputado e senador na coligação dos tucanos. O tucano deve tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, onde tem maiores chances de ser eleito, ou mesmo ficar sem mandato. Se concorrer ao Senado, o que já está praticamente descartado, reeditará a disputa de 2014, quando ficou em segundo na corrida ao Palácio do Planalto contra a ex-presidente Dilma Rousseff. A petista mudou o domicílio eleitoral para Minas e tentará se eleger senadora pelo Estado, segundo maior colégio eleitoral do país.

Anastasia afirmou que segue tendo conversas com outros pré-candidatos ao governo de Minas que fazem oposição ao atual governador, Fernando Pimentel (PT), e disse que as alianças só serão fechadas na semana que vem. O tucano tenta atrair para seu lado o também pré-candidato Rodrigo Pacheco (DEM), mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem insistido na candidatura do correligionário.


Anastasia discursa durante convenção - Leticia Fernandes
— Estamos em tratativas, já temos hoje uma coligação muito forte mas evidentemente continuamos em tratativas com todos no campo de oposição, incluindo Rodrigo Pacheco, meu amigo particular, e também o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), mas isso vai se definir só na semana que vem, aliás como sempre foi, nos últimos minutoa — disse Anastasia.

ALCKMIN AUSENTE

Pré-candidato à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também não compareceu à convenção do PSDB mineiro. Alckmin cogitou posar ao lado de Anastasia, mas preferiu ir à convenção tucana em São Paulo e prestigiar a convenção do PTB de Roberto Jefferson, que anunciou apoio ao candidato no plano nacional. Anastasia minimizou a ausência de Alckmin e disse que o tucano visitará Belo Horizonte na segunda-feira.

— De maneira nenhuma (é um desprestígio a ausência de Alckmin), ele está em outra convenção e estará conosco na segunda-feira aqui em Belo Horizonte — afirmou o pré-candidato.

Coordenador da campanha de Alckmin, Marconi Perillo (GO) participou do evento e justificou a ausência do presidenciável dizendo que ele teve que ir à convenção do PSD, mas enalteceu a aliança de Anastasia com o pré-candidato ao Palácio do Planalto, afirmando que Alckmin significa “a segurança que o Brasil precisa”.

Ao som da canção Minas Gerais (“Ó, Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais”), Anastasia tomou o microfone para discursar. O senador não citou Aécio e fez críticas à gestão de Fernando Pimentel, especialmente ao atraso no pagamento do salário de servidores, e chamou o governador de “reclamão”. Ele discursou por cerca de vinte minutos.

— Estamos praticamente no CTI, mas temos força para superar essas dificuldades — afirmou o pré-candidato:

— Não quero ser o governador das desculpas, da enganação, da mentira — alfinetou.

Além de São Paulo, Alckmin também deve ter palanque duplo em Minas, já que o DEM resiste em retirar a candidatura de Rodrigo Pacheco para o governo do Estado. Anastasia já deu declarações de que gostaria que Pacheco concorresse ao Senado na coligação tucana, mas Rodrigo Maia tem dito que não vai retirar o nome de Pacheco, sobretudo depois de ser confirmado o apoio do centrão — além de DEM, também composto por PR, PP, PRB e Solidariedade — ao nome de Alckmin. Pacheco trocou o MDB do presidente Michel Temer pelo Democratas em março deste ano.

AÉCIO ENFRAQUECIDO

Aécio Neves viu boa parte de seu capital político se esfarelar desde que foi envolvido na Operação Patmos, desdobramento da Lava-Jato que há um ano flagrou o senador pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista. O empresário gravou o senador pedindo dinheiro para custear sua defesa. Aécio virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça e chegou a ser afastado do mandado em maio de 2017, mas conseguiu reverter a situação e viu ser arquivada a representação contra ele no Conselho de Ética do Senado. Ao voltar ao Congresso, chegou a dizer que era vítima de uma "injustiça".

O escândalo fez Anastasia hesitar sobre uma volta ao governo de Minas pela proximidade com Aécio. Ele chegou a demonstrar apoio a Rodrigo Pacheco para a disputa, mas acabou ouvindo os apelos dos correligionários e se lançando candidato.


Letícia Fernandes, O Globo