
Foi uma performance de fazer inveja ao destruidor de fortunas pessoais e conterrâneo Eike Batista. O brasileiro Eduardo Saverin perdeu US$ 2,2 bilhões (R$ 8,25 bilhões) em poucas horas nesta quinta-feira com a queda de 18,96% na Bolsa das ações do Facebook, do qual é cofundador e detém cerca de 2% do capital. Com o tombo, a capitalização de mercado da companhia californiana encolheu US$ 120,91 bilhões (R$ 453,4 bilhões), a maior perda já sofrida por uma companhia em um só dia na História.
A empresa foi afetada pela divulgação do seu balanço trimestral, que demonstrou desacerelação do aumento de receitas e do número de usuários após sequência de críticas e escândalos nos últimos meses.
Com o desaparecimento de tanto dinheiro - equivalente ao capital de uma Petrobras e um Bradesco somados -, todos os acionistas do Facebook perderam uma fortuna. O cofundador e diretor executivo Mark Zuckerberg, maior acionista individual, ficou US$ 15,9 bilhões mais pobre, caindo da terceira para a sexta posição do ranking da Bloomberg de maiores bilionários do mundo. Agora, sua fortuna está estimada em US$ 70,6 bilhões. Não se sabe de ninguém que tenha perdido tanto dinheiro em tão pouco tempo: evaporou do seu bolso hoje o equivalente a uma Ralph Lauren.
Dustin Moskovitz, outro cofundador da rede, viu sua fortuna encolher em US$ 3,9 bilhões; a diretora operacional Sheryl Sandberg perdeu US$ 100 milhões. Saverin, por sua vez, perdeu algumas dezenas de posições no ranking da Bloomberg e é agora o 153º mais rico do mundo, com uma conta bancária de US$ 9,6 bilhões. Mas ele manteve o posto de 5ª maior fortuna do Brasil.
Nascido em uma rica família paulistana em 1982, Saverin emigrou para os EUA aos 10 anos e se tornou cidadão americano em 1998. Na Universidade Harvard, onde estudava, conheceu Mark Zuckerberg, e, com outros dois colegas de faculdade, criaram o Facebook em um dormitório do campus em 2004. Quando o Facebook se transferiu para o Vale do Silício, o brasileiro permaneceu na Costa Leste e se desentendeu com os outros fundadores. Ele acabou sendo cortado da empresa ainda em 2004. Os desentendimentos são contados no filme "A Rede Social", em que Saverin é interpretado pelo ator Andrew Garfield.
Com a saída, sua participação na empresa foi sendo diluída pela entrada de novos investidores, o que ele contestou na Justiça. Em 2009, Saverin obteve acordo que lhe garantiu participação próxima a 2% da rede social e o direito de ser tratado oficialmente como co-fundador do Facebook.
Naquele ano, Saverin se mudou para Cingapura e, em 2011, renunciou à cidadania americana, sendo hoje exclusivamente cidadão brasileiro. Embora o empresário tenha negado, a imprensa americana noticiou na ocasião que Saverin abriu mão do passaporte americano para pagar menos impostos. O movimento ocorreu pouco antes da abertura de capital do Facebook em 2012, naquele que, à época, foi o maior IPO de uma empresa de tecnologia já realizado e que tornou Saverin bilionário. Ele continua vivendo em Cingapura, onde investe em start-ups.