WASHINGTON
Um país com trens de alta velocidade, arranha-céus espelhados, fábricas modernas e gigantescas linhas de transmissão de energia.
Seriam as cenas de “ficção científica”, a que o norte-coreano Kim Jong-un se referiu logo depois de se encontrar com o presidente americano Donald Trump?
Para o mandatário dos EUA, podem ser. Elas fazem parte de um vídeo exibido ao ditador da Coreia do Norte durante a cúpula entre os dois líderes, nesta terça-feira (12) –que, segundo Trump, são uma visão do que pode se tornar o país comunista.
“Esse pode muito bem ser o futuro”, disse o americano, após o encontro.
O material foi editado pelo governo americano, e exibido em um tablet a Kim e outras autoridades do seu regime. “Eu achei muito bom; eu acho que eles amaram”, comentou Trump.
Enquanto cenas de cidades luminosas e fábricas de tecnologia são exibidas, um narrador fala sobre “a luz da prosperidade e da inovação” e diz que a “história está sempre evoluindo”.
Nesse momento, surgem imagens de Kim e Trump: “Chega um momento em que apenas alguns são chamados para fazer a diferença. Mas a questão é: que diferença esses poucos farão?”
Não deixa de ser uma amostra do estilo de liderança de Trump, que fez fortuna no ramo imobiliário e escreveu um livro, no final dos anos 1980, chamado “A arte da negociação”.
Aos jornalistas após o evento, o americano falou com entusiasmo de sua visão para o futuro da Coreia do Norte, caso seja alcançado o acordo de desnuclearização.
“Eles têm praias incríveis. Não daria um ótimo condomínio?”, declarou. “Pense do ponto de vista imobiliário: você tem a Coreia do Sul, a China, e uma terra bem no meio! O quão incrível é isso? Eu expliquei: vocês podem ter os melhores hotéis do mundo.”
Kim estava sorridente ao final do encontro –mas o clima amistoso não impediu que um agente do regime inspecionasse, com luvas de látex, a caneta que ele usaria para assinar o acordo. Medida de segurança.
Trump disse que o vídeo foi apenas uma sugestão, e cabe a Kim decidir qual vai ser seu plano de desenvolvimento daqui em diante.
Ou, nas palavras do clipe editado pela Casa Branca: “O passado não precisa ser o futuro”.
Estelita Hass Carazzai, Folha de São Paulo