Blog Rodrigo Constantino - Veja
“Nós não podemos declinar da responsabilidade de
comparecer unidos para esta batalha, que, acreditem, não é contra ninguém, mas é
a favor do país”, disse José Serra na convenção nacional do PSDB que oficializou
a candidatura de Aécio Neves à presidência da República. Seu nome foi aprovado
por 99% dos delegados presentes. Os tucanos passaram a imagem de forte união,
como deve ser quando há algo muito maior em jogo.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do país.
Não é pouca coisa conseguir articular uma união coesa dessas, algo que nem os
paulistas conseguiram no passado. A nítida impressão que fica é a de que os
tucanos finalmente se deram conta de que o Brasil caminha para uma encruzilhada
mesmo, e que se o PT não for derrotado agora nas urnas, corremos o risco de
virar, de fato, a próxima Argentina, que por sua vez já virou a próxima
Venezuela.
O destaque dado a Fernando Henrique Cardoso no
evento, que chegou de mãos dadas a Aécio Neves, demonstra que erros cometidos no
passado serão evitados desta vez. FHC não foi o melhor presidente do mundo, e eu
mesmo tenho várias críticas a fazer sobre sua gestão. Mas é inegável que houve
inúmeras conquistas e avanços, que se tornaram pilares fundamentais do próprio
sucesso econômico do primeiro mandato de Lula, e que agora estão todos
ameaçados, ruindo.
Não há por que o PSDB esconder FHC na campanha. O
tema mais bombástico dessa eleição será, ao que tudo indica, a inflação elevada,
quiçá fora de controle. O legado do Plano Real está em xeque por culpa do PT. E
o Plano Real foi a grande vitória de FHC, enquanto o PT se colocava contra as
medidas que debelaram a hiperinflação. Os tucanos devem explicar em pormenores
isso aos eleitores, contrapondo os avanços de FHC ao retrocesso com Dilma.
O tema das privatizações não deve ser ignorado
também. Os tucanos precisam deixar de lado o terrorismo eleitoral feito pelo PT,
pois ninguém mais vai acreditar nele quando souber da destruição que a Petrobras
sofre sob sua gestão incompetente e corrupta. Sem falar que o próprio PT teve de
se dobrar à realidade e realizar várias concessões, o que sempre condenara
antes.
Pelo tom da fala de FHC, a ficha dos tucanos
finalmente caiu. “As urnas clamam, querem mudança. Elas cansaram de empulhação,
corrupção, mentira e distanciamento entre o governo e o povo. Nós temos que
ouvir o povo, estar mais próximos do povo. Ganhar a confiança do povo. A
caminhada do Aécio será essa”, afirmou o tucano, que usou palavras fortes para
se referir aos integrantes do PT, como “ladrões” e “farsantes”.
Nunca antes na história deste país tivemos um
momento tão importante de definição do nosso futuro. Ninguém que tem um pingo de
decência e inteligência suporta mais o PT no poder. O estrago é simplesmente
estrondoso, especialmente o institucional. É a própria democracia que corre
risco, assim como a liberdade de imprensa, fundamental para as demais
liberdades.
É preciso união mesmo, inclusive daqueles que,
como eu, são críticos aos próprios tucanos. Anular o voto significa votar no PT,
isso precisa ficar bem claro. Mas cada vez mais gente acorda para a realidade, e
clama por mudanças, ciente de que elas jamais virão com o próprio PT. Ou melhor:
virão sim, só que na direção errada, insistindo nos equívocos que têm custado
tão caro ao Brasil. Aécio Neves manda o recado:
A cada dia que passa, em cada região por onde ando,
percebo não só uma brisa, mas uma ventania por mudanças. Um tsunami que vai
varrer do governo federal aqueles que lá não têm se mostrado dignos e capazes de
atender às demandas da população brasileira.
Tchau, PT. Já vai tarde!
