Blog Rodrigo Constantino - Veja

O ex-diretor Paulo Roberto Costa. Fonte:
Folha
A tese de que o PT
transformou a Petrobras em uma espécie de quitanda ganha força. Antes, vimos que
a empresa fazia movimentações de US$ 10 milhões em banco nos Estados Unidos só
com aprovação verbal. Agora, descobre-se que o mesmo acontecia para contratar navios:
Sob o comando de Paulo Roberto Costa, diretor da
Petrobras até 2012 investigado por suspeita de corrupção, o setor de
abastecimento da estatal negociou e fechou contratos milionários de frete de
maneira informal. Alguns deles foram baseados só em autorizações
verbais.
A Folha teve acesso
a um relatório de 2009 sobre o assunto feito pelo grupo de auditoria interna da
Petrobras.
O documento mostra que operações feitas no ano anterior
sem obedecer a requisitos mínimos de controle estabelecidos pela empresa
totalizam US$ 278 milhões.
As irregularidades envolveram contratações de navios.
Segundo os auditores da Petrobras, os contratos analisados descumpriram
“procedimentos previstos no manual de afretamento”.
[...]
“Descontroles dessa magnitude podem ser resultado de
falta de comando, falhas de comunicação, pressa. É uma situação inadmissível em
uma empresa desse porte, e abre caminho para má fé”, diz Fernando Filardi,
pesquisador da área de administração do Ibmec-RJ.
[...]
Uma matéria da revista “Época” afirmou que documentos
apreendidos no apartamento de Costa indicam que a dinamarquesa Maersk teria pago
a ele R$ 6,2 milhões em “comissões” para ele.
Uma estatal já corre naturalmente mais riscos,
pois falta o escrutínio dos donos do dinheiro, dos sócios preocupados com sua
própria lucratividade. Como o dinheiro é da “viúva”, ou seja, de todos nós, não
há nas estatais a mesma preocupação com eficiência e desperdícios como costuma
ocorrer nas empresas privadas.
Mas o PT realmente conseguiu pegar o que já era
ruim e piorar muito. Como o partido que mais ignora as distinções entre estado e
parido, o PT passou a enxergar a Petrobras como sua propriedade, um braço
partidário para seus próprios objetivos. A corrupção, evidentemente, disparou,
como atestam todos os escândalos recentes.
Para colocar a Petrobras nos eixos e acabar com
essa pouca vergonha, há duas medidas, uma paliativa e a outra definitiva. A
paliativa de curto prazo é tirar o PT do poder, pois tenho convicção de que
nenhum outro partido trataria a estatal com tanto descaso, como se fosse uma
quitanda; a definitiva é privatizá-la mesmo, pois apenas proprietários atentos,
com o seu capital na reta, podem realmente lutar contra tantos abusos em uma
empresa desse porte.