domingo, 29 de novembro de 2020

"PT sofre o maior revés da história e perde o protagonismo na esquerda", por Silvio Navarro

Sem nenhuma capital, sigla vê seu líder máximo rechaçado pelo eleitorado de Norte a Sul

pt - bandeira - região metropolitana de são paulo

Estrela cadente: o pior desempenho de um partido à deriva Foto: Divulgação

Desde setembro, a Oeste tem alertado para uma virada nos ventos da esquerda sem volta nem rumo. 

Talvez seja nesse segundo ponto que a rodada eleitoral deste domingo, 29, tenha jogado luz: o “lulopetismo” foi enterrado de vez e com ajuda da própria esquerda. 

O PT, como mostraremos na sequência, parece ter se deparado com o fundo do poço — administrará 183 cidades pequenas e médias, ante mais de 630 em 2012. 

Mas o Psol, o PCdoB e ‘os meio de esquerda, meio intelectuais de verão’, como PSB, PDT e Rede, sorriram ao lado.

Vamos aos fatos: o PT deixa a corrida sem comandar nenhuma capital, com o pior resultado no maior colégio eleitoral do país — em São Paulo, o desempenho de Jilmar Tatto só é comparado ao de Eduardo Suplicy em 1985 — e, sobretudo, sem horizonte: ao seu maior líder, Luiz Inácio Lula da Silva, só restam agora as (piores) páginas da História. 

Não tem um único nome de peso em Brasília, um discurso que cole e ainda aplaude Fernando Haddad, cujo perfil lembra mais o eleitor juvenil de Guilherme Boulos do que um líder operário marxista — leia-se: o jovem universitário de classe média-alta que acredita demais nos livros que não leu.

Ah, mas o PT venceu em Diadema e Mauá, na região metropolitana de São Paulo, gritam os torcedores barbudos nas redes sociais, inconformados com a segunda divisão da política. 

Os dois municípios que sequer cabem na sigla “ABC paulista” não possuem a mesma densidade eleitoral de territórios estratégicos naquele quadrado como São Bernardo, Santo André ou, quiçá, uma Guarulhos, o segundo PIB do Estado. 

Assim como comemorar vantagem no território mineiro em Juiz de Fora e Contagem é muito pouco para quem passou vexame em Belo Horizonte.

No segundo turno, das 15 cidades com mais de 200 mil eleitores em jogo, o “lulopetismo” só ganhou nessas quatro citadas — Diadema, Mauá, Juiz de Fora e Contagem. 

As principais apostas, Recife (PE) e Vitória (ES), ficaram pelo caminho. 

Um detalhe deveria chamar ainda mais a atenção dos cegos do castelo: em ambas, tanto Marília Arraes (PE) quanto João Cozer (ES) enxergaram o apoio de Lula como “criptonita”. 

Mas Lula insistiu no abraço e deu no que deu.

A esquerda foi a grande derrotada no pleito municipal deste ano e isso é matemático. 

Mas é importante pontuar que a esquerda também ajudou a sepultar o “lulopetismo”. 

É o fim da frase: o PT e seus satélites. Resta saber como esses satélites vão sair da escola.

Leia mais: “A ruína do ‘lulopetismo'”

Revista Oeste