quinta-feira, 26 de novembro de 2020

"A falsa neutralidade jornalística: Não há ética e nem moralidade onde as coisas não são claramente nomeadas", por Marco Frenette

 

Ocorre que não há neutralidade possível. A suposta neutralidade é, na verdade, uma tomada de posição: a defesa do que não presta.

Exemplo já clássico no Brasil são os programas de "debate", onde de um lado temos um "especialista" defendendo o crime - por exemplo, defendendo a "inocência" do Lula - e do outro alguém defendendo a vida honesta; e quando o lado honesto se exalta e chama o defensor de bandidos por nome mais próximo da realidade, é repreendido pelo mediador. Afinal, é preciso manter a neutralidade...

É assustador que milhões de brasileiros tomem esse circo, e tantos outros semelhantes, como sinônimo de jornalismo.

Não há ética e nem moralidade onde as coisas não são claramente nomeadas. A única ética real é a busca da verdade; e ela passa, necessariamente, pelo uso correto das palavras e pela decisão de não compactuar com o crime, nem mesmo no campo da linguagem.


Marco Frenette. Jornalista e escritor.

Jornal da Cidade