Um estudo publicado na na revista Nature Human Behaviour apontou que a taxa de contágio do vírus chinês, (R0) do Sars-CoV-2, no Brasil nos primeiros três meses da pandemia foi de 3, ou seja, cada pessoa infectada contaminava outras três.
Essa taxa, segundo os autores, foi ligeiramente maior do que a encontrada em outros países severamente afetados pela pandemia, como Espanha (2,6), França (2,5), Reino Unido (2,6) e Itália (2,5).
Nos países europeus, as medidas de contenção e isolamento foram bem-sucedidas em achatar a taxa de incidência e diminuir o R0 para abaixo de 1, enquanto no Brasil a curva de incidência de casos diários continuou a subir.
Além disso, o avanço da pandemia foi dos grandes centros em direção às cidades menores, com os quatro principais epicentros, representando 49,2% dos casos e 61,5% do total de óbitos, sendo São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas.
Os dados são resultado do primeiro grande estudo epidemiológico do vírus chinês, Covid-19, realizado por cientistas do Centro de Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde, na sigla inglês), parceria da Universidade de São Paulo com a Universidade de Oxford, entre outras instituições, e recebeu apoio da Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo) e de agências internacionais.
Os pesquisadores analisaram dados de 514.200 casos confirmados do vírus chinês retirados do Portal Covid-19 do Ministério da Saúde desde o primeiro caso reportado, em 26 de fevereiro, até 31 de maio, divididos em 4.196 municípios, correspondendo a 75,3% do total de municípios no país.
Virologista e principal autor do estudo, William Marciel de Souza realiza sua pesquisa de pós-doutorado em conjunto na Universidade de Oxford e na USP. Ele explica que a alta incidência de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no país neste ano em comparação com anos anteriores é a principal ferramenta para avaliar a evolução e disseminação da pandemia provocada pelo vírus chinês no país.
Segundo ele, os casos de SRAG sem agente etiológico definido reportados no Sivep-Gripe aumentaram 8,5 vezes em 2020. “Esse aumento foi desproporcional comparado aos outros anos, o que possivelmente indica que ocorre diagnóstico dos casos abaixo do esperado —e não subnotificação— devido à falta de insumos laboratoriais”.
Para o pesquisador, a vigilância no sistema do ministério é bem ativa e é pouco provável que o vírus estivesse circulando de maneira silenciosa no país antes do primeiro caso notificado.
O país falhou em entregar os 46 milhões de testes prometidos. Sem os testes RT-PCR, considerados padrão-ouro para detecção do vírus, o diagnóstico laboratorial de Covid-19 não pode ser completado, embora outros métodos diagnósticos, como a avaliação clínica do paciente, podem servir para inserir um novo caso de SRAG tanto no e-SUS VE (casos leves) quanto no Sivep-Gripe (internações e óbitos).
Avaliando os casos de Covid-19 resultantes em internações ou óbitos (67.180 casos reportados no Sivep-Gripe), os cientistas encontraram que a média de idade dos pacientes internados foi de 59 anos, e os homens representaram mais de 57% do total de casos e 59% dos óbitos.
Em relação aos óbitos, idade igual ou superior a 50 anos representou 85% dos casos.
As comorbidades mais frequentes nos pacientes hospitalizados com o vírus chinês foram doenças cardiovasculares (66,5%) e diabetes (54,5%). Cerca de 84% dos casos reportados no Sivep-Gripe apresentavam pelo menos uma comorbidade.
“É importante ressaltar que mais de 90% dos casos reportados no Sivep-Gripe referem-se a casos graves ou que foram hospitalizados. O Sars-CoV-2 pode causar sintomas parecidos ao de um resfriado, mas em uma parcela [da população] causa uma doença mais grave, a Covid-19, então esses dados são de uma fração da população que evoluiu para casos mais graves da doença”, explica de Souza.
Para testar essa hipótese, os autores avaliaram informações de renda per capita na região metropolitana de São Paulo e casos de SRAG em relação aos casos confirmados de Covid-19, com base no endereço domiciliar de cada caso reportado.
O teste estatístico demonstrou uma associação entre o diagnóstico de Sars-CoV-2 e renda per capita, sugerindo um fator socioeconômico importante na confirmação de casos de Covid-19 relativo ao acesso a serviços diagnósticos.
A região central da cidade de São Paulo concentrou maior incidência de diagnósticos confirmados de Covid-19 nas primeiras semanas epidemiológicas ao mesmo tempo que apresentou renda per capita acima de R$1.150 mensais, enquanto houve uma maior densidade de casos de SRAG sem etiologia definida nas regiões do extremo sul, sudoeste e nordeste da região metropolitana, que em geral concentraram renda per capita inferior a R$450 por mês.
Essa discrepância diminuiu conforme as semanas epidemiológicas avançaram. “Isso foi um reflexo do maior acesso à população aos testes diagnósticos na região metropolitana de São Paulo, não indicando, portanto, um salto na incidência da Covid-19 nessas áreas”, afirma de Souza.
As principais dificuldades encontradas na pesquisa, no entanto, foram a falta de centralização e padronização dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Lembrar que quando o vírus chinês começou a circular no Brasil, um político, Luiz Henrique Mandetta (DEM), estava à frente do Ministério da Saúde, e fez coro com a 'mídia funerária', aterrorizando a população.
Ainda ministro, Mandetta chegou a condenar o terrorismo da Globo, mas, no dia seguinte, pediu, espetacularmente, desculpas à 'vênus platinada'.
Daí para a frente foi um horror, até ser demitido pelo presidente da República. O ministro cometeu o desatino, como garoto de recado da Globo, de provocar o cidadão: 'Você vai me ouvir ou ouvir o presidente da República'.
E não parou por aí. A cada entrevista, além de alarmar o povo, mandando ficar em casa, repetia sempre que 'a crise' se prolongaria até... O dia de 'são nunca'.
Esgotou a paciência de Jair Bolsonaro, que o mandou armar o palanque em outra freguesia.
E a nação viu estarrecida as 'excelências' do STF desautorizando o governo federal, remetendo a governadores e prefeitos autoridade para comandar o enfrentamento ao vírus chinês.
Inclusive, dispensado licitações...
Óbvio que o Supremo estava gestando mais um escândalo de corrupção. Depois do Mensalão e do Petrolão, a 'corte' instituiu o Covidão.
A Polícia Federal entrou em cena rápido, para desespero de Toffoli, Alexandre, Celso de Mello, Gilmar... O saque com a grana do povo foi barrado, mas governadores de São Paulo, Rio, Santa Catarina, Bahia, Pará, Pernambuco... já haviam aprontado.
E não se pode desprezar o fato de que, embora já houvesse informação de que o vírus chinês circulava pelo Brasil, prefeitos de capitais como Rio, São Paulo, Recife, Salvador, Fortaleza, Manaus mantiveram o carnaval.
O vírus chinês fez a farra... No bloco da 'ditadura de toga'.
Base de dados
Primeiro por uma própria inconsistência da base de dados utilizada: cerca de um mês antes do primeiro caso reportado de Covid-19 no país, o ministério havia criado um portal para notificar todos os casos —leves, moderados e graves— da doença chamado de REDCap. Esse portal foi utilizado até o dia 27 de março, quando foi encerrado.
Como conclusão, o estudo afirma ser o primeiro a avaliar e contextualizar de maneira sistemática a pandemia no país, sendo ainda preciso aumentar a capacidade de diagnóstico para acompanhar a transmissão do Sars-CoV-2.
Até o momento, afirmam os autores, a mitigação, e não supressão da pandemia foi alcançada, e isso levou a um número elevado de mortes que poderia ter sido evitado se os sistemas de saúde estivessem melhor preparados.