Wall Street puxa mercados
financeiros globais graças à
retração do coronavírus
nos EUA
O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (24) puxado pelo exterior mais positivo graças a notícias de novos tratamentos para o coronavírus nos Estados Unidos e com a redução no número de novas infecções no país. Hoje, o índice S&P 500 renovou máxima histórica de fechamento subindo 1,00% a 3.431 pontos. Os índices Dow Jones e Nasdaq também registraram ganhos.
Desde o pico de 64 mil novos casos em 26 de julho, a universidade de Johns Hopkins não registrou mais de 49 mil novas infecções nenhuma vez e, no domingo, o país teve menos de 37 mil casos.
Além disso, neste fim de semana, o governo dos EUA autorizou o uso de plasma no tratamento de pacientes com Covid-19 no país. Além disso, a gestão de Donald Trump está considerando acelerar os testes de uma vacina experimental desenvolvida no Reino Unido para ser usada antes das eleições presidenciais, segundo o Financial Times.
Do lado doméstico, foi negativa a decisão do governo de adiar o anúncio “Big Bang” do megapacote de medidas nas áreas social e econômica, inicialmente previsto para terça-feira (25).
O evento tinha na programação o anúncio do novo formato do programa Pró-Brasil, com a criação do Renda Brasil – que substituirá o Bolsa Família a partir da incorporação de outros programas sociais; da chamada Carteira Verde-Amarela, com medidas para geração de empregos; novos marcos legais; e ações de cortes de despesas. A ideia do governo é manter o anúncio para esta semana.
Com o noticiário internacional se sobrepondo ao interno, o Ibovespa teve alta de 0,77%, aos 102.297 pontos com volume financeiro negociado de R$ 23,093 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial terminou com leve queda de 0,23% a R$ 5,5912 na compra e a R$ 5,5942 na venda. O dólar futuro para setembro tinha queda de 0,55%, a R$ 5,597 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu quatro pontos-base a 2,74%, o DI para janeiro de 2023 recuou cinco pontos, a 3,90%, o DI para janeiro de 2025 teve variação negativa de três pontos-base a 5,73% e o DI para janeiro de 2027 desvalorizou cinco pontos-base a 6,74%.
Também trouxe otimismo hoje as menores tensões entre EUA e China. Segundo a imprensa, a equipe do presidente Donald Trump tem assegurado às empresas locais de que elas ainda podem fazer negócios com o aplicativo de mensagens WeChat na China.
Entre os indicadores, os economistas do mercado financeiro preveem uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 esta semana, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das projeções foi de -5,52% na semana passada para -5,46% agora. Para 2021, foi mantida a previsão de crescimento de 3,50%.
Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a expectativa para 2020 foi elevada de 1,67% para 1,71%. Já para 2021, a projeção continuou em avanço de 3,00%.
Para o dólar, os economistas esperam que o câmbio termine o ano de 2020 em R$ 5,20 e o ano de 2021 em R$ 5,00.
Sobre a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, as projeções para 2020 mantiveram-se em 2,00% ao ano e as expectativas para 2021 subiram de 2,75% para 3,00% ao ano.
Impasses do “Big Bang”
Os principais obstáculos envolvem o valor do benefício do Renda Brasil e dúvidas sobre o encaminhamento de uma proposta de reforma administrativa – prometida pelo governo federal desde o ano passado. Também havia divergências em relação às obras contempladas pela carteira de investimentos que será anunciada.
De todo o pacote em preparação, apenas o Casa Verde-Amarela teve anúncio mantido para amanhã. O programa, comandado pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) visa reformular o Minha Casa Minha Vida, que, assim como o Bolsa Família, foi uma das marcas dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Alguns dos pontos na lista são considerados polêmicos e exigirão elevada capacidade de articulação política do governo nas duas casas legislativas, em um momento de relações mais tensas com os senadores, após a derrubada de veto presidencial e declarações agressivas de Paulo Guedes.
Assessores de Bolsonaro têm defendido que o presidente apresente as medidas do novo Pró-Brasil a líderes partidários da nova base aliada, em um aceno aos parceiros no parlamento.
Reforma tributária
A estratégia do governo é buscar um acordo para votação da reforma tributária até outubro, buscando uma fusão integral dos tributos de consumo. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o secretário da Receita Federal, José Tostes, disse que uma fusão de todos os impostos – PIS/Cofins (governo federal), ICMS (Estados) e ISS (municípios) – é a melhor solução.
O secretário propõe que a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), tributo previsto na proposta do governo que reúne o PIS e Cofins, entre em vigor antes para a implantação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) amplo. Segundo ele, as etapas da reforma deverão ser decididas nas próximas semanas.
No front político, declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro foram destaque no domingo e repercutem nesta manhã. Após ser questionado sobre depósitos feitos pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente ameaçou de agressão um jornalista do jornal O Globo.
A pergunta feita pelo jornalista (“Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”) passou a ser compartilhada por jornalistas, artistas, políticos e outros usuários do Twitter.
Radar corporativo
Na esfera corporativa, o mercado aguarda os resultados do segundo trimestre da Ser Educacional e da Lojas Marisa. Além disso, será definido nesta segunda-feira o preço por ação da Rumo, que prepara uma oferta primária de ações.
Maiores altas
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Maiores baixas
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Também são esperados para esta semana novos lances na disputa pela Linx, enquanto o conselho de administração da Tecnisa deve avaliar a possível combinação entre Gafisa e Tecnisa. No último dia 19, a Tecnisa informou ter recebido, de forma inesperada, uma proposta do Bergamo Fundo para combinação de negócios com a Gafisa (GFSA3).
Ainda no radar corporativo, a Petrobras assinou a venda de 8 campos na Bahia por US$ 94,2 milhões, divulgou teaser para venda de ativos no Espírito Santo, enquanto a Azul teve o rating rebaixado pela agência de classificação de risco Fitch de B- para CCC.