A pandemia do novo coronavírus causou sérios danos nas economias mundiais mais consolidadas, e os impactos nos países emergentes como o Brasil também foi enorme. Porém, as medidas emergenciais tomadas pelo Ministério da Economia e pelo Banco Central, com medidas de transferência de renda, impulso ao crédito a empresas e aumento de liquidez no sistema financeiro posicionaram o Brasil numa situação melhor em relação aos outros emergentes. Em uma apresentação para investidores do Bank Of America realizada na última quarta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto voltou a afirmar que o cenário para o Brasil segue desafiador. Mas os números apresentados mostram que, pelo menos inicialmente, o colchão feito por aqui foi eficiente, destaca a VEJA!
Na apresentação, o Banco Central compilou uma série de dados com o raio-x das economias mundiais. No caso da indústria, o índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria brasileira alcançou em julho o maior nível desde o início da pesquisa realizada pela IHS Markit, provedora inglesa de informações globais. O indicador brasileiro de julho foi de 58,2%, ante 51,6% no mês anterior. Nesse indicador, quando o número está acima de 50%, o setor está passando por crescimento em vez de retração. Comparando o Brasil a outros emergentes como México, índia, África do Sul, Rússia e Colômbia, a indústria brasileira foi a que melhor performou no período.
Na ótica do PIB, a projeção da recessão brasileira, na casa de 5,6% segundo perspectivas do mercado financeiro deve ser um dos menores tombos dos emergentes, perdendo apenas para a Índia e, estendendo aos Brics, para a China, que deve terminar o ano com crescimento econômico. Em 2021, a economia brasileira deve crescer em linha com os outros emergentes.
As projeções, baseadas em dados da economia brasileira bem como da mundial, segundo o BC, mostram que o cenário ainda é de cautela, mas que as medidas tomadas no início da pandemia se mostraram eficientes, e a trajetória é de recuperação mais sólida a partir do terceiro trimestre.
Para quem acreditava em um tombo catastrófico e sem possibilidade de recuperação, pode-se dizer que a economia brasileira surpreendeu na resiliência, mas não é suficiente para abandonar a agenda reformista e abrir os cofres. O mau exemplo dado pelo Senado Federal na última quarta-feira, derrubando o veto dos servidores vai na direção contrária dos ajustes trabalhados pela Economia e projetados pelo BC para um crescimento gradual a partir deste semestre e no ano que vem. A resiliência não abre margem para a gastança e é preciso de compromisso para a recuperação projetada.