A Nasa anunciou nesta quinta-feira (7) que seu robô de exploração Curiosity encontrou moléculas orgânicas formadas há mais de 3 bilhões de anos em rochas de Marte, uma descoberta que pode indicar a existência de vida fora da Terra.
“Essa é uma descoberta muito emocionante, mas não podemos ainda confirmar a origem destas moléculas. Pode ser uma prova de vida, mas também pode pertencer a um meteorito ou outras fontes”, disse o diretor da divisão de Exploração do Sistema Solar da Nasa, Paul Mahaffy, no site oficial da agência especial dos Estados Unidos.
Três tipos diferentes de moléculas orgânicas foram descobertas quando a sonda cavou apenas 5 centímetros em argilito de 3,5 bilhões de anos, uma rocha sedimentária de grãos pequenos, na cratera Gale, aparentemente o local de um grande lago quando Marte era mais quente e úmido do que o planeta desolado que é hoje.
Moléculas orgânicas contém carbono e hidrogênio, e podem também incluir oxigênio, nitrogênio e outros elementos. Elas são comumente associadas com a presença de vida, mas podem também ser criadas por processos não biológicos.
Também em seu estudo, os cientistas da Nasa descobriram variações sazonais do nível de metano na atmosfera de Marte ao longo de três anos do planeta, que são quase seis anos na contagem da Terra. O metano pode ter origem biológica.
Sinal positivo
Ainda que não seja possível determinar que houve vida em Marte, as descobertas são um sinal positivo para futuras missões de exploração da superfície do planeta. “Com essas novas descobertas, Marte está nos dizendo para ficar neste caminho e continuar procurando por evidências de vida”, disse Thomas Zurbuchen, administrator associado da sede da Nasa em Washington.
Apesar de a origem das moléculas ainda não estar clara, a Nasa destacou que esse tipo de partícula pode ter sido a fonte de alimento de uma hipotética vida microbiana em Marte.
“Sabemos que na Terra os micro-organismos comem todo tipo de produtos orgânicos. É uma fonte de alimento valioso para eles”, afirmou Jennifer Eigenbrode, do Centro Espacial Goddard da Nasa.
Dessa forma, a descoberta não confirma a existência de vida no planeta, explicou a especialista, mas mostra que os organismos podem ter sobrevivido em Marte graças à presença dessas moléculas.
Eigenbrode explicou que apesar de a superfície de Marte ser inóspita atualmente, os indícios apontam que, no passado remoto, o clima marciano dava as condições propícias para a existência de água líquida, um fator essencial para a vida como conhecemos.
A missão do robô Curiosity, que em 2013 descobriu os primeiros indícios da existência de água em Marte, também determinou que a concentração de metano na atmosfera do planeta muda de acordo com as estações. Ela é mais alta perto dos equinócios (primavera e outono) e mais baixa nos solstícios (verão e inverno).
A origem do gás continua sendo desconhecida. Uma das principais teorias sustenta que ele estava armazenado em reservatórios subterrâneos, batizados como “clatratos”.
Com Reuters, EFE e Agência Brasil