Em 7 de maio, a menos de um mês da eleição suplementar , uma pesquisa do Ibope colocou a senadora Kátia Abreu a um passo do governo do Tocantins. Com 22% das intenções de voto, a candidata do PDT parecia ter consolidado uma folgada vantagem sobre os concorrentes. Foi então que entraram em cena Lula e Gleisi Hoffman. Num vídeo divulgado logo depois da pesquisa, a presidente do PT recitou o palavrório abaixo reproduzido sem correções nem retoques:
É com muito prazer que eu quero deixar aqui com vocês uma mensagem do presidente Lula. Isso mesmo. O presidente Lula me pediu para levar uma mensagem ao povo de Tocantins, e à nossa candidata à governadora pelo PDT, Kátia Abreu. O que disse o presidente Lula: “Companheira Gleisi, presidenta do PT, companheiros da direção nacional do PT, companheiros da direção do PT de Tocantins, todos os filiados e filiadas ao PT no Estado. Quero comunicar a todos que resolvi tomar a decisão de apoiar a Kátia Abreu para governadora de Tocantins, por dever de gratidão e lealdade que a Kátia dedicou à companheira Dilma durante todo o episódio do golpe contra a democracia brasileira. O Brasil está tão carente de pessoas de caráter e lealdade política que, quando ouvia os discursos da Kátia, ficava orgulhoso de ver uma mulher com quem não tinha nenhuma afinidade política-ideológica causando inveja a muitos de esquerda que tinham vergonha de defender a Dilma”. E aí continua a carta falando do apoio a você, Kátia. Eu tô entregando essa carta ao companheiro Donizete do Tocantins para lhe entregar em mãos. Saiba que o apoio do PT, da direção nacional, do presidente Lula, da presidenta Dilma, é a você. Nós sabemos que, se você for eleita governadora de Tocantins, esse Estado estará em boas mãos. Em mãos de quem tem dignidade, de quem não tem medo, de quem tem caráter. É disso que nós precisamos no Brasil. Seja forte. Sucesso e felicidades. Seja governadora do Tocantins.
Deu no que deu: na eleição de verdade, realizada neste 3 de junho, a melhor amiga de Dilma amargou um bisonho quarto lugar, com apenas 15% dos votos. O fiasco reafirmou que um aliado como Lula é mais perigoso que qualquer inimigo.