domingo, 17 de junho de 2018

"Expressionismo". por Miranda Sá

Nos fins do século 19 e começo do século 20, surgiu um movimento artístico, primeiramente se manifestando na pintura que se impôs e atingiu todas as produções culturais de vanguarda, entre as grandes guerras de 18 e 45, chegando ao cinema, à fotografia e ao cartazismo.
Na sua origem seus defensores à definiram como a “arte do instinto”, que transmitia os sentimentos humanos. Dicionários definem o substantivo masculino “expressionismo” como uma figuração que procura retratar, não a realidade objetiva, mas as emoções que acontecimentos, objetos e seres viventes suscitam no artista.
A pintura foi a mãe de todas as demais manifestações. Hoje realçam nos museus os principais precursores do movimento, como o célebre “O Grito”, de Munch, “Mulher com uma Flor” e “Cristo Amarelo”, de Gauguin, e “Girassóis” e “Caveira com cigarro”, de Van Gogh.
Os pintores expressionistas abstraíram-se da realidade, com figuras destorcidas e cores incomuns, fortes e vibrantes, reproduzindo seus extremos emocionais como figuração. A representação expressionista também se fixou como uma referência à música atonal, com os compositores vazando na harmonia as suas emoções mais intensas e profundas, distorcendo, de certa maneira, o clássico romântico.
No Brasil, Anita Malfatti foi a pioneira e sua obra mais significativa é “A Mulher do Cabelo Verde”. Foi numa exposição de Anita que Mário de Andrade tomou conhecimento das correntes de vanguarda que ocorriam no Velho Mundo e inspirou- o a promover a Semana de Arte Moderna.
Posteriormente, uma mistura de “Anti-romantismo, “Realismo” e “expressionismo”, estabeleceu-se entre nós, na pintura, com Portinari, que se revelou ao mundo com o seu mural “Guerra e Paz”, na literatura, romance e poesia, notabilizando o realista Machado de Assis, os poetas da chamada “Geração 45”; Niemeyer na arquitetura, e também na música, com Vila Lobos.
Fugindo das formas concretas como são expostas aos olhos, o expressionismo veio para ficar, sustentado pela grafitagem nos muros e paredes das ruas, no cartazismo político e na decoração de interiores.
Nos dias de hoje, a configuração expressionista, mais psicológica do que real, alcança todos os espectros da vida social, política e econômica.
Vai das relações humanas mostrando insegurança e na economia aplicada nas jogadas do câmbio e passa pela política com a demagogia e enganação reinantes. Constatamos tristemente que vai também à religião com a exploração dos medos, do sentimentalismo e da tendência primitiva ao fanatismo.
É marcante o caso recente da exploração emocional na propaganda lulopetista baseada na presença de um auto assumido “assessor do Papa”, que trouxe uma relíquia enviada pelo pontífice para o preso por corrupção Lula da Silva.
Os órgãos de agitação e propaganda do PT divulgaram a notícia pelas mídias ao seu alcance; o desmentido do Vaticano demorou quatro dias para chegar, dando vaza à crença popular na mentira; e chega virtualmente em padres que se manifestam como típicos cúmplices da corrupção institucionalizada nos governos petistas.
Não conferi; mas divulgou-se que a corte papal apagou na rede social o desmentido, mantendo implicitamente a condição do sindicalista argentino petista Juan Grabois como assessor de Francisco. Isto transfigura a respeitabilidade e a isenção da Igreja Católica para os brasileiros que lutam contra a corrupção.