Pesquisa divulgada nesta terça-feira em Pernambuco ajuda a entender os motivos que levam o PSB do governador Paulo Câmara a buscar freneticamente o apoio do PT. Candidato à reeleição, Câmara amealhou 20% das intenções de voto. Grudada em seu calcanhar, aparece a vereadora petista Marília Arraes, com 17%. O senador Armando Monteiro, do PTB, está em terceiro, com 14%. Considerando-se que a margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais, para baixo ou para cima, os três candidatos estão em situação de empate técnico.
Realizada por um instituto local chamado Datamétrica, a pesquisa foi publicada pelo jornal Diário de Pernambuco. Neta do ex-governador Miguel Arraes, mito do PSB de Câmara, Marília exerce o terceiro mandato como vereadora na capital, Recife. Tornou-se um pesadelo para o PSB, que tenta retirá-la da disputa. Sem nenhuma experiência no Executivo, Marília emerge na pesquisa com potencial para derrotar o governador, que chegou ao poder há quatro anos como “poste” de Eduardo Campos, o ex-presidenciável do PSB, morto em 2014 num acidente aéreo.
Marília, suprema ironia, é prima de Eduardo Campos, outro neto de Miguel Arraes. Ela era filiada ao PSB. Mas começou a tomar distância do partido em 2014, quando se desentendeu com Campos. A vereadora, hoje com 34 anos, pleiteava a presidência da Juventude do PSB. Mas o primo ilustre, à época presidente nacional da legenda, impôs o nome do seu filho, João Campos. Com a família rachada, João desistiria de concorrer ao cargo. A rusga, contudo, não se desfez.
Em fevereiro de 2016, Marília deixou o PSB. Escreveu na época que ''a cúpula dos que mandam no partido passou a querer comandar desde simples decisões internas partidárias, que coubessem a escolhas democráticas e colegiadas, até o desenrolar de toda a cena e atores políticos do Estado [de Pernambuco].” Acrescentou que “os militantes, foram alijados de qualquer participação na construção democrática.''
A neta de Arraes sentou praça no PT. A ficha de filiação foi rubricada por Lula durante uma festa de anivertsário dos 36 anos do partido, no Rio de Janeiro. ''Início de uma nova etapa da minha vida na política”, anotou Marília nas redes sociais. “Como sempre, crescendo na adversidade, com a ficha abonada pelo homem que mudou o Brasil.''
Hoje, o “homem que mudou o Brasil” cumpre pena de 12 anos e 1 mês de cadeia. Preso em Curitiba, Lula autorizou ''a cúpula dos que mandam'' no PT federal a abrir negociação com o PSB. Discute-se a retirada da candidatura de Marília Arraes em troca do apoio do PSB à reeleição do governador petista de Minas Gerais, Fernando Pimentel. De resto, negocia-se a inclusão do PSB numa coligação presidencial de encabeçada pelo PT.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira indica que a eventual saída de Marília da disputa pernambucana pode não trazer conforto político idealizado por Paulo Câmara e seu grupo. A grossa maioria dos eleitores da vereadora petista (49%) declara que, sem a foto dela na urna, anularia o voto, votaria em branco ou se absteria de escolher outro candidato. Outros 20% migrariam para o candidato do PTB, Armando Monteiro. Apenas 13% dos eleitores de Marília optariam por Paulo Câmara.
A pesquisa revelou uma disputa apertada também pelas vagas de senador. No cenário mais provável, Jarbas Vasconcelos (23%), do MDB, aparece em primeiro. Vêm a seguir Mendonça Filho (19%), do DEM; e Humberto Costa (17%), do PT. De novo, um empate técnico. Estão em jogo dois assentos no Senado.
Com Blog do Josias, UOL