Blog Rodrigo Constantino - Veja
Vem investir no Brasil, vem…
Em artigo publicado hoje no GLOBO, o diretor do Instituto Liberal
João Luiz Mauad tenta explicar para a presidente Dilma aquilo que ela confessou
não saber: o por que de nossa economia não conseguir crescer direito. Como
administrador de empresas há 30 anos, Mauad oferece humildemente sua experiência
de combate no dia a dia para elucidar a incompreensão da presidente:
Para começar, esqueça um pouco
os agregados macroeconômicos e concentre-se no ambiente econômico que os
investidores precisam enfrentar. Dê uma olhada, por exemplo, num relatório
divulgado anualmente pelo Banco Mundial, chamado “doing business“. Esse
estudo minucioso é baseado na análise quantitativa e qualitativa de dez
diferentes aspectos ligados ao ambiente institucional de negócios em centenas de
países, com destaque para a burocracia envolvida na abertura e fechamento de
empresas, licenciamentos governamentais, contratação de mão-de-obra —
principalmente os encargos relacionados à admissão e demissão de pessoal —,
registros de propriedade, acesso ao crédito, segurança jurídica dos
empreendedores, pagamento de impostos, facilidades (dificuldades) de comércio
com o exterior e respeito aos contratos. No relatório de 2014, o Brasil ocupa a
116ª posição geral, entre 189 países.
Para abrir um novo negócio por aqui são necessários, em
média, 13 procedimentos burocráticos, que podem levar até 107 dias para cumprir.
Para obter as 15 diferentes licenças para erguer um prédio ode-se levar até 400
dias. Quanto aos tributos, além de arcar com um peso de impostos que consomem
perto de 70% dos lucros, as empresas precisam de, no mínimo, 2.600 horas anuais
para lidar com as obrigações acessórias exigidas pelo fisco.
Esses são, naturalmente, apenas alguns exemplos,
a ponta do iceberg. A analogia feita pelo autor é com um filme de terror, “em
que fantasmas e vorazes monstros estão sempre à espreita, ansiosos para
abocanhar a maior parte dos lucros e prontos a opor obstáculos no caminho dos
empreendedores”.
Se o empresário não goza dos privilégios do
governo, como empréstimos subsidiados do BNDES, obras superfaturadas ou
barreiras protecionistas para impedir a livre concorrência, então é realmente
tarefa hercúlea investir por aqui.
Mauad focou nos aspectos estruturais, que
explicam nossos constantes voos de galinha. Faltou, porém, talvez pela falta de
espaço, destacar os aspectos conjunturais. Se tudo isso é verdade e a vida de um
empresário brasileiro é repleta de obstáculos criados pelo governo, o fato é que
tudo isso piorou muito durante a gestão de Dilma.
O grau de intervencionismo estatal na economia se
elevou bastante, produzindo ainda mais incertezas. A política macroeconômica
saiu dos eixos, deixando a inflação se acelerar e as contas públicas se
deteriorarem muito. A arrogância somada à incompetência da equipe econômica
desenvolvimentista acabou gerando um quadro de extrema aversão ao risco por
parte dos investidores.
Portanto, se normalmente já é um filme de terror
a vida dos empresários brasileiros, sob a gestão de Dilma os monstros se viram
com o caminho totalmente livre para atormentar nos mínimos detalhes cada
investidor. Dilma conseguiu pegar um quadro ruim e piorá-lo muito. Vivemos,
hoje, num filme de terror tosco, categoria D, daqueles que até o Jason e o
Freddy Krueger sentiriam medo (ou vergonha)!