Blog Rodrigo Constantino - Veja

Em mais um
surto criativo, Arnaldo Jabor simula em sua coluna hoje uma entrevista exclusiva com Stalin, no purgatório
dos ditadores. Usando inclusive passagens que foram realmente ditas por Stalin
ou Lênin, Jabor mostra como o stalinismo ainda vive entre nós,
latino-americanos.
O comunismo foi um substituto “laico” para a
religião, ao oferecer a promessa de um paraíso e de imortalidade: o “ser social”
nunca morre, ao contrário do indivíduo de carne e osso, vítima número um do
regime coletivista.
O corolário dessa premissa é que eliminar
“alguns” indivíduos de carne e osso para garantir esse futuro redentor passa a
ser algo justificável. Quebrar os ovos para fazer uma omelete. Os fins “nobres”
justificam quaisquer meios. A vida humana não é mais sagrada. Essas são as
máximas de todo coletivista.
Compaixão, empatia, gratidão, tudo isso passa a
ser visto como uma fraqueza de pequeno-burguês. Matar uma pessoa é assassinato,
mas eliminar milhões passa a ser apenas estatística. Para criar o “homem novo”,
vale tudo. A democracia burguesa precisa ser rejeitada, dar lugar ao centralismo
completo dos líderes “ungidos”. A imprensa precisa ser subserviente.
Por fim, Jabor, que foi
um dos incluídos na “lista negra” de “inimigos da Pátria”, de Alberto Cantalice,
vice-presidente nacional do PT, afirma que o Brasil petista tem sido um bom
aluno stalinista:
Esse é o preço da liberdade: a vigilância absoluta. Mas,
o Brasil está seguro contra os perigosos agentes de direita, neoliberais e
espiões do imperialismo. Vocês sabem que nós criamos os “sovietes” na Rússia, os
conselhos, como chamam vocês… Parabéns. Os conselhos são um primeiro passo para
controlar essa besteira de democracia representativa, que vocês tiveram a
sabedoria de usar, mas agora atrapalha a construção do bolivarianismo (ah, esse
meu filhote bastardo…). Ao menos minhas ideias ainda repercutem… Veja a
Venezuela, Argentina, tantos seguidores. A única coisa que importa é o controle
da sociedade. Temos de tutelá-la. Eu já disse uma vez: o povo deve ser educado
com o mesmo cuidado com que um jardineiro cultiva uma árvore de estimação. As
ideias são muito mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos
inimigos tenham armas, por que deveríamos permitir que tenham ideias? Acho que
seu país está no bom caminho: controlar a mídia, como vocês chamam hoje. A
imprensa é a arma mais poderosa de nosso partido e vocês vão seguir nosso
exemplo. Toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão dos
menos inteligentes. Como você vê, estou repetindo as frases da besta do Hitler.
Mas ele nos deu um bom conselho, que serve muito para seu país, caro jornalista:
“Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada”. O povão não
sabe nada. É isso aí, cumpanheiros: vão em frente que a luta
continua…