LEANDRA LIMA - O GLOBO

Ex-prefeito do Rio justifica apoio a Pezão e diz em convenção que ‘propaganda eleitoral é propaganda eleitoral’

Em um pequeno salão de um hotel do Centro do Rio, o agora candidato ao Senado Federal Cesar Maia (DEM) deu início, na manhã desta quarta-feira, à convenção estadual do DEM com uma longa justificativa de sua aliança com o PMDB no Rio de Janeiro. O vereador e ex-prefeito do Rio explicou que o seu partido e o PSDB decidiram formar chapa para a candidatura majoritária porque esse seria o único caminho para o presidenciável Aécio Neves (PSDB) entrar junto com ele nas propagandas eleitorais veiculadas na TV e no rádio, além de panfletos.

Cesar Maia disse ainda que a decisão foi tomada por conta da aliança entre o PT e o PSB no Rio.

— Quando tomamos essa decisão, eu sabia que haveria críticas, porque todos sabem que eu faço oposição ao PMDB. Mas preciso explicar que essa decisão foi para selar uma aliança nacional. Às vezes, é preciso abrir o leque de opções para combater nossos adversários. A candidatura majoritária, tendo eu como candidato ao Senado, era o único caminho que tínhamos para o Aécio entrar na TV e rádio. E propaganda eleitoral é propaganda eleitoral.

— Se PT e PSB não tivessem se coligado, estaríamos fazendo agora esta convenção numa sala muito maior, com a exibição de um painel que gastamos um dinheirinho para mandar fazer — discursou Maia, fazendo referência ao banner que o partido já havia mandado produzir o apresentando como candidato a governador.

Além do painel, mil panfletos que apresentavam as propostas de Maia como governador também já tinham sido impressos para a convenção.

Cesar Maia alfinetou ainda a candidatura do PT no estado do Rio.

— O Lindbergh, ao formar chapa com o PSB, disse que conseguiu fazer um gol de bicicleta aos 45 do segundo tempo. Só que, de repente, ele descobriu que o goleiro voou para trás e tirou a bola quase de dentro do gol.

Apesar da aliança com o PMDB, Cesar Maia disse que não irá amanhã à convenção estadual do partido de Pezão.

— Foi acordado que um não iria na convenção do outro. Tanto que eles não vieram hoje. Do mesmo jeito que foi acordado que nem Dilma nem Aécio irão participar de qualquer convenção daqui do Rio.

O partido aposta em Rodrigo Maia, que pode sair candidato a deputado federal, e Carlo Caiado, que sairia a deputado estadual, como os principais puxadores de voto na eleição proporcional.

‘ME SENTI ELOGIADO POR CLARISSA’

Sobre a declaração irada da deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) em relação à sua candidatura ao Senado na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), Cesar Maia disse que encara como um elogio. O ex-prefeito negou ainda que Rodrigo Maia havia prometido que, se ela fosse vice na chapa no pleito de 2012 para a prefeitura e desse o tempo de TV para o DEM, este ano, o DEM apoiaria o PR, cujo pré-candidato ao governo do estado é o pai de Clarissa, o ex-governador Anthony Garotinho(PR).

— Eu me senti elogiado por Clarissa com o seu artigo. Queriam a gente como aliado, mas não foi possível. Não é verdade que já tínhamos um acordo. No Brasil, não há acordo para duas eleições. Se para uma já é difícil, para duas é impossível. Eu disse isso nos jornais — declarou, afagando por fim a deputada contrariada:

— Acho a Clarrisa com grande talento. Ela é mais qualificada, inclusive, do que seu pai e sua mãe.