quinta-feira, 26 de junho de 2014

Argentina surpreende e paga mais de US$ 1 bilhão a credores internacionais

JANAÍNA FIGUEIREDO / CORRESPONDENTE - O Globo

Até agora, país tinha dito que não poderia saldar vencimento, pelo risco de embargo de ‘fundos abutres’

BUENOS AIRES - O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, informou que nesta quinta-feira o país saldou um vencimento que, entre juros e principal, superou US$ 1 bilhão, três dias antes do prazo final, que era o próximo 30 de junho. O ministro explicou que o pagamento foi realizado nesta quinta por um feriado nos Estados Unidos. O vencimento corresponde a bônus Discount, que foram reestruturados nas renegociações de 2005 e 2010.
Até agora, a Argentina tinha dito que não poderia realizar o pagamento, pelo risco de embargo por parte dos credores que não participaram as operações de 2005 e 2010 e obtiveram uma sentença favorável da Justiça americana para receber US$ 1,5 bilhão. No entanto, a Casa Rosada surpreendeu nesta quinta confirmando o pagamento e enviando um recado aos chamados fundos abutres:

— Qualquer conduta (leia-se pedido de embargo) violará o ordenamento jurídico internacional.

— Não cabe dúvida sobre a parcialidade do juiz a favor dos fundos abutres e sua intenção de levar a Argentina a um novo calote — declarou o ministro argentino, que na última quarta-feira apresentou a delicada situação do país em reunião com os países do Grupo dos 77 mais China, na sede das Nações Unidas, em Nova York.Num breve discurso, Kicillof voltou a criticar o juiz de Nova York, Thomas Griesa, que favoreceu os fundos abutres e, até agora, não aceitou o pedido da Argentina de suspender a vigência de sua sentença, para permitir que o país pudesse honrar seus vencimentos, sem correr o risco de embargo.

Nesta quinta, o governo argentino reiterou o pedido de "stay" à Justiça americana, mas sem grande expectativa de conseguir uma resposta favorável. Kicillof disse, novamente, que a Argentina tem "vontade de pagar" a 100% dos credores, mas exige "condições justas". O mais importante para a Casa Rosada, neste momento, era evitar que país entrasse na categoria de "calote técnico", já que o país têm os recursos para pagar seus vencimentos.

— Não poderão alcançar esse objetivo, porque a Argentina vai cumprir suas negociações, vai honrar sua dívida — enfatizou o ministro, que acusou o juiz e os fundos abutres de quererem "nos botar de joelhos".