segunda-feira, 26 de maio de 2014

Poroshenko lidera apuração e já fala como eleito na Ucrânia

Veja

Parcial aponta empresário com 54% dos votos. Ele pretende 'acabar com a guerra' e disse que jamais reconhecerá a 'ocupação' da Crimeia pela Rússia

 
Petro Poroshenko, empresário que defende a aproximação com o Ocidente, discursa em Kiev como vencedor das eleições presidenciais mesmo antes do resultado oficial ser divulgado
Petro Poroshenko, empresário que defende a aproximação com o Ocidente, discursa em Kiev como vencedor das eleições presidenciais mesmo antes do resultado oficial ser divulgado (Reuters)

O magnata pró-Ociente Petro Poroshenko, conhecido como "rei do chocolate" na Ucrânia, lidera com 54% dos votos a apuração das eleições presidenciais realizadas neste domingo, informou nesta segunda-feira a Comissão Eleitoral Central (CEC) do país.

O resultado parcial, que confirma a vitória de Poroshenko no primeiro turno, corresponde à contagem de 26% das urnas ou 4,7 milhões de votos, segundo as autoridades eleitorais. Em segundo lugar está a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, com 13,2% dos votos. Ela é seguida do líder do Partido Radical da Ucrânia, Oleg Liashko, com 8,46%.

O resultado final do pleito deve sair nesta segunda-feria, mas Poroshenko já se declarou vitorioso.

Em discurso em Kiev, o virtual novo presidente ucraniano afirmou que pretende "acabar com a guerra e trazer a paz" ao país. Ele também comentou a anexação da república autonôma da Crimeia pela Rússia e disse que jamais vai reconhecer a "ocupação" da região.

As pesquisas de boca de urna divulgadas após o fechamento das seções eleitorais na Ucrânia já indicavam a vitória do "rei do chocolate" nas eleições presidenciais deste domingo. O último levantamento divulgado por TVs locais mostrou o empresário com 55,9% dos votos, enquanto sua principal rival, a ex-premiê Yulia Tymoshenko, teria 12,9%.

Turbulência – A eleição presidencial da Ucrânia, a primeira convocada após a deposição do ex-presidente Viktor Yanukovich, acontece em meio a um ambiente de confrontos no país, especialmente no leste, nas regiões de Lugansk — onde já foi registrada uma morte — e Donetsk, onde separatistas proclamaram independência e consideram as eleições ilegítimas. Nessas regiões, nenhuma zona eleitoral foi aberta. Separatistas pró-Rússia armados interromperam a votação e o pleito acabou boicotado em Donetsk e Lugansk.

Poroshenko já vinha sendo apontado como favorito. Durante a campanha, prometeu estreitar os laços com o Ocidente, desafiando o presidente russo, Vladimir Putin. A eleição na Ucrânia é vista por observadores internacionais como um caminho para, através de um processo eleitoral democrático e transparente, minar a retórica da Rússia de que o país tem um governo "ilegítimo" desde a deposição de Yanukovich, que era aliado de Moscou. Na sexta-feira passada, Putin disse que vai respeitar os resultados das eleições ucranianas.

Dificuldades – O novo presidente ucraniano enfrentará grandes desafios para unificar um país em crise desde os protestos que levaram à queda de Yanukovich. Será preciso resolver dificuldades financeiras e pressionar por novas leis em um Parlamento fragmentado. O dirigente recém-eleito também terá que lidar com a corrupção indiscriminada e por uma dívida de 3,5 bilhões de dólares com a Rússia, por importação de gás natural.

O regime do ex-presidente Yanukovich é acusado de desviar bilhões de dólares com esquemas de corrupção. O país chegou a receber aporte financeiro e aumento de empréstimos concedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mas precisará colocar em práticas medidas de austeridade para equilibrar as contas.

(Com agência EFE)