sexta-feira, 28 de maio de 2021

"Os judeus não podem deixar os Estados Unidos se tornarem a Europa", por David Harsanyi - National Review

 

Manifestante protesta contra ataques contra judeus. Imagem ilustrativa.| Foto: Bigstock


Poucos dias atrás, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, enviou patrulhas estaduais extras para bairros judeus após uma série de ataques, incluindo o espancamento de um homem por uma multidão no centro da cidade, um tijolo arremessado através das vitrines de uma pizzaria kosher e “manifestantes” cuspindo e ameaçando os clientes do restaurante.

Inicialmente, eu não soube direito da história. Uma vez que os ataques antijudaicos no Brooklyn não são principalmente obra de supremacistas brancos, os incidentes não atraem atenção generalizada.

Não importa. Eu sugeriria que os judeus saíssem e se armassem para dissuadir esses tipos de ataques, mas, é claro, Nova York torna isso extraordinariamente difícil. E não devemos exagerar as circunstâncias – crimes de ódio ainda são raros e os Estados Unidos são talvez o lugar mais seguro para os judeus.

Dito isso, seria uma tragédia se estivéssemos seguindo a trajetória europeia. Lá, os mesmos tipos de mentiras e difamações que agora estão sendo normalizadas e espalhadas por pessoas como Alexandria Ocasio-Cortez, Rashida Tlaib e outros progressistas no plenário do Congresso americano se tornaram assédio e violência contra judeus.

Quase um quarto dos franceses, por exemplo, acredita em alguma teoria da conspiração judaica. Quase metade dos franceses dizem que o sionismo é uma conspiração para dominar o mundo.

Assim como os progressistas americanos, a União Europeia ajuda a alimentar essa animosidade, assinalando o Estado judeu para reprimendas infinitas e quase exclusivas, enquanto, ao mesmo tempo, ignora as atrocidades em todo o mundo.

Na Europa, poucas organizações judaicas sobraram para resistir a essas correntes. E de fato, nos Estados Unidos, as organizações judaicas – a acovardada ADL e outras – também existem em grande parte para apaziguar os partidários de esquerda e as lutas por causas progressistas. Esses lugares são habitados por pessoas que exibem sua bravura colocando três parênteses em torno de seus identificadores de Twitter; o tipo de pessoa que trabalha mais para cancelar Tucker Carlson, da Fox News, do que para expor a disseminação de acusações sanguinárias por funcionários eleitos. Esse é o tipo de pessoa que propõe que os judeus americanos tirem seus yarmulkes, como se faz nos subúrbios de Paris.

“Dói-me dizer isso”, tuitou Aaron Keyak, chefe de relação com os judeus de Joe Biden durante a campanha e a transição, “mas se você teme por sua vida ou segurança física tire sua kipá e esconda sua Estrela de Davi. (Obviamente, se você puder, pergunte ao seu rabino primeiro.)” Em 2020, Keyak culpou Trump pelos ataques antissemitas, dizendo: “Vemos como Trump tem sido extremamente fraco em relação ao antissemitismo e colocou os judeus em perigo ao nos tornar menos seguros." Hoje, ele não tem ideia de por que isso está acontecendo...

Tal qual nos Estados Unidos, a cobertura da mídia na Europa dá a impressão de que o antissemitismo é em grande parte obra de etnonacionalistas furiosos.

Mas, como um estudo da UE descobriu, entre os incidentes mais sérios de assédio antissemita na União Europeia, 31% incluem alguém cuja vítima não conhecia, mas 30% foram perpetrados por alguém com visões muçulmanas extremistas; 21% por alguém que tinha opiniões políticas de esquerda; 16% por um colega de trabalho ou escola; 15% por um conhecido ou amigo; e apenas 13% por alguém com pontos de vista de direita conhecidos. É claro que é inconveniente falar sobre isso.

Em 2015, na França, a maior comunidade judaica da Europa (que, deve-se notar, agora são apenas 500 mil), o governo enviou dez mil soldados por todo o país para proteger centenas de locais judaicos. Soldados franceses patrulham ruas em lugares como Sarcelles para proteger os judeus da violência “antissionista”. Todos os anos, há atos horríveis de violência e assassinato perpetrados contra judeus.

Ora, na França, você pode jogar uma judia idosa de uma varanda enquanto grita Allahu Akbar, contanto que você fume um fino primeiro. Na Alemanha, você pode arremessar coquetéis molotov em um local de culto judaico, desde que faça isso para "chamar a atenção para o conflito de Gaza".

Para o judeu médio, a situação na Europa é pior agora do que talvez em qualquer momento desde a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos não estão nem perto disso. Mas certamente estão indo na direção errada.

David Harsanyi é redator sênior da National Review e autor do ainda inédito Eurotrash: Por que os Estados Unidos devem rejeitar as ideias fracassadas de um continente que morre.


Gazeta do Povo