O regime chinês é o mais genocida da história. No período anterior ao Grande Salto para Frente estimam-se em 20 milhões os vitimados pela execução sumária de opositores, contrarrevolucionários, burgueses, proprietários rurais, intelectuais “ocidentalizados”, religiosos, etc..
Entre 1959 e 1961, depois do que deveria ter sido o “grande salto”, outros 20 milhões pereceram de fome. Nos anos seguintes, um número talvez bem maior.
São sucessivos crimes contra a humanidade dirigidos à própria população.
Crimes hediondos, continuados, encobertos sob a poeira dos tempos por um regime que, em todas as suas experiências, prima pela capacidade de agir nas trevas e ocultar tudo que não lhe convém.
Em 1979, com a morte de Mao Tse-Tung, houve uma luta por sua substituição ao cabo da qual o poder foi entregue a Deng Xiaoping que promoveu uma série de reformas econômicas cujos efeitos levariam a China a sentar-se entre as grandes economias do planeta.
Agora, um novo genocídio, em escala planetária. Centenas de milhares de pessoas deverão morrer em virtude do vício institucional dos governos comunistas de ocultar seus desacertos e se darem bem com esse procedimento. Quando, em Wuhan, o médico Li Wenliang advertiu seus colegas sobre as primeiras manifestações do referido vírus, imediatamente se tornou alvo da polícia e foi obrigado a desmentir-se... A ditadura mostrou seu poder e caráter. E assim se perderam semanas preciosas, ampliando-se o número de vítimas da pandemia.
Eduardo Bolsonaro, semanas depois, relatou o fato já sabido, ou seja, que o vírus surgira na China, e estabeleceu paralelismo entre a nova epidemia e o desastre de Chernobyl. Assim como o Covid-19 foi, de início, silenciado no comunismo chinês, o desastre nuclear de Chernobyl foi, de início, silenciado no comunismo soviético. E afirmou que “a liberdade seria a solução”.
Desabaram, então, sobre ele as críticas da imprensa nacional, ocupadíssima em desgastar o presidente da República.
Foram dias consecutivos com os noticiários e as “News” batendo no mesmo assunto, até que surgisse pauta mais interessante para espremer.
Para a maior parte do atual jornalismo brasileiro o deputado havia faltado com o respeito ao “maior parceiro comercial do Brasil”. Agora me digam se isso não é frase que se pode esperar de agentes de polícia política? Centenas de milhares, talvez milhões de vidas, perdem significado quando o assunto é business...
Nesses mesmos dias, com a encenação em curso, Rodrigo Maia pegou carona na boleia da carroça publicitária aberta e desabou aos pés do embaixador chinês, implorando perdão em nome da Câmara dos Deputados. Que coisa mais ridícula!
No entanto, tudo é ainda muito mais grave e infinitamente mais perigoso, já se verá.
O PCC, maior partido político da história, rico como jamais se viu igual, vem estendendo seu poder e influência sobre o mundo.
A grande imprensa brasileira, diante de nossos olhos, sem nenhum constrangimento, se põe genuflexa perante a ditadura chinesa, aceita seus métodos, e entra no teatro do silêncio sobre temas desconfortáveis ao regime chinês. Com o jugo já preso ao pescoço, ela esgota, em Bolsonaro, sua combatividade e o uso que faz da liberdade de informação.
Percival Puggina
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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