quarta-feira, 29 de abril de 2020

Cabral, que se depravou após aproximação com Lula, é acusado de lavar R$ 1,6 milhão em propina com vinhos

Cabral era um político do baixo clero. Até ser tratado como um 'filho' por Lula. A partir de então, depravação total. Como, de resto, ocorreu com todos os íntimos do chefe da organização criminosa. 

O ex-governador Sérgio Cabral foi denunciado nesta quarta-feira (29) sob acusação de lavar R$ 1,6 milhão obtidos com propina por meio da compra de vinhos num leilão internacional. Também são alvos da ação o doleiro Dario Messer e o empresário Edson Menezes, ex-presidente do banco Prosper.
Foco da 31ª denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-governador, o leilão de vinhos se soma a joalheriasescritório de advocacia e restaurante de comida japonesa como meios de lavagem da propina obtida no esquema de corrupção no Rio de Janeiro.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato fluminense, Menezes pagou US$ 303 mil num leilão de vinhos promovido pela Sotheby's Wine em Nova York em outubro de 2011. A mais cara foi uma Romanée Conti 1985 de US$ 11.250 —ele comprou duas garrafas.
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, ao realizar exame de corpo delito no IML em Curitiba em 2018
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, ao realizar exame de corpo delito no IML
em Curitiba em 2018 - Geraldo Bubniak - 19.jan.18/Agência O Globo
O valor, pela acusação, foi ressarcido por Cabral por meio de contas no exterior geridas por seus doleiros-laranjas Renato e Marcelo Chebar, delatores da Lava Jato. Estes, por sua vez, usaram a estrutura de Messer para repassar o dinheiro a Menezes.
De acordo com o delator Carlos Miranda, gerente da propina de Cabral, o ex-governador mantinha uma grande adega em sua casa de veraneio em Mangaratiba. Cabral também tinha um equipamento, de menor porte, em seu apartamento no Leblon, zona sul da capital.
Menezes chegou a ser preso preventivamente em agosto de 2018 sob suspeita de ter pago propina para atuar na preparação do edital de leilão da folha de pagamento dos servidores estaduais na gestão de Cabral.
O banco Prosper foi subcontratado da FGV (Fundação Getúlio Vargas), contratada para fazer a consultoria ao estado no leilão. A entidade de ensino é investigada no caso. O vencedor do leilão foi o Bradesco, não citado na apuração.​
Em delação premiada, Carlos Miranda disse que Menezes prometeu pagar R$ 6 milhões para atuar no negócio.
A defesa do ex-governador disse que a denúncia "faz parte do fatiamento das acusações criando um passivo criminal irreal".
"O ex-governador está determinado a esclarecer irremediavelmente todos os fatos.", disse o advogado Márcio Delambert.
O ex-governador está preso desde novembro de 2016 acusado de cobrar 5% de propina sobre os grandes contratos do estado. Ele é réu em 31 ações penais decorrentes da Lava Jato, além de outras duas ações criminais sem relação com a operação. Já foi condenado em 13 processos cujas penas somam mais de 282 anos de prisão.
Cabral firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, homologada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O advogado Átila Machado, que defender Messer, afirmou que "os fatos narrados na denúncia não correspondem com a verdade".
"Se a acusação prosseguir e alcançar a fase de instrução, a defesa provará de forma cabal a inocência de Dario Messer", afirmou Machado.
O advogado Alexandre Lopes, que representa Menezes, declarou que a acusação é "Mais uma denúncia proveniente de subjetivismo dos respeitáveis acusadores, despida de suporte probatório mínimo".

Com informações de Italo Nogueira, UOL