A atenção dos mercados de todo o mundo estava voltada para o anúncio do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nesta quarta-feira. A autoridade monetária americana elevou a taxa de juros do país, que agora está entre 1,75% e 2% ao ano. Na última reunião, em maio, o juro tinha se mantido estável, após uma alta em março. Mais importante apenas que a decisão de agora é a sinalização da autoridade monetária americana que serão mais duas altas até o fim do ano.
Taxas mais altas de juros na maior economia do mundo tendem a atrair investimentos que hoje estão em outros países. Quando os juros americanos sobem, diminui a diferença entre eles e os de outras nações e aumenta a vantagem competitiva dos títulos americanos na comparação com os de outros países. Isso tende a reduzir a quantidade de investimentos estrangeiros direcionados a países emergentes, como o Brasil.
Além disso, se há mais demanda para investimentos nos EUA, aumenta a procura por dólar, o que pressiona a moeda americana e favorece sua valorização. A valorização do dólar também leva, historicamente, à desvalorização das commodities, uma vez que se pode comprar mais matéria-prima com a mesma quantidade de dinheiro. Esse é outro impacto negativo para os países emergentes, como o Brasil, que concentram a produção desses insumos básicos. A moeda americana também tem impacto sobre preços: desde combustíveis até eletrônicos e alimentos derivados de trigo, soja e milho, aves e suínos.
Após quase sete anos de taxas praticamente zeradas como forma de estimular a economia no período pós-recessão global, o Fed está empreendendo desde o fim de 2015 uma elevação gradual dos seus juros básicos. Já foram sete elevações desde então: sendo três em 2017, uma em maio de 2018 e a outra nesta quarta-feira.
Durante a crise, outra medida importante — e sem precedentes, com exceção da experiência japonesa — de estímulo tomada pelo Fed foi comprar títulos públicos e hipotecários. Assim, o balanço financeiro da instituição aumentou de cerca de US$ 900 bilhões para US$ 4,5 trilhões (R$ 14,4 trilhões). Agora, com a retomada da economia americana já estabelecida, o Fed está começando a se desfazer desse patrimônio a um ritmo de, inicialmente, US$ 10 bilhões mensais.
Com O Globo