O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro denunciou nesta terça-feira (15) o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Milton Lyra, apontado como operador de políticos do MDB, por recebimento de propina para investimentos feitos por dois fundos de pensão de servidores federais.
No total, 15 pessoas foram alvo da denúncia decorrente da Operação Rizoma, que apura fraudes nos fundos de pensão dos funcionários dos Correios e do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) em favor de negócios do empresário Arthur Machado, CEO do ATG Group, empresa que lançou uma nova bolsa de valores para concorrer com a BMF/Bovespa.
Também são acusados Marcelo Sereno, ex-secretário nacional do PT e ex-assessor do ex-ministro José Dirceu, e o ex-presidente dos Correios Wagner Ribeiro.
De acordo com a Procuradoria, Vaccari era o destinatário final de R$ 1 milhão em dinheiro vivo entregues a Henrique Barbosa, emissário de Adeilso Telles, ex-chefe de gabinete de Ribeiro na presidência dos Correios.
Sereno, por sua vez, é acusado de ter recebido R$ 3,9 milhões para atuar em favor da empresa de Machado nos fundos de pensão.
A Procuradoria diz ainda que Lyra recebeu R$ 16,5 milhões de recursos das empresas de Machado sem a respectiva prestação de serviços. Embora apontado em outras investigações como operador de políticos do MDB, o Ministério Público Federal afirma “não ser possível informar no estágio atual das investigações a quem ele se reporta”.
Há dois anos, a Folha revelou que Lyra e Machado operaram em empresas que captaram ao menos R$ 570 milhões do Postalis (fundo de pensão dos funcionários dos Correios).
O ATG Group afirmou, em nota, que Machado e Patrícia Iriarte, outra denunciada, foram afastados da empresa.
A defesa de Lyra não comentou a denúncia. Disse apenas que a decisão do ministro Gilmar Mendes de soltar o lobista, tomada nesta quinta, foi "acertada e reconheceu que a prisão preventiva foi decretada sem os requisitos autorizadores para a medida cautelar".