terça-feira, 29 de maio de 2018

Petrobras salta mais de 12% e recupera R$ 31 bilhões em valor na Bolsa


Predio da Petrobras na Av Chile, centro do rio de janeiro. - Pedro Kirilos / xxxxx

Ana Paula Ribeiro e Rennan Setti, O Globo



Após o derretimento dos últimos dias, as ações da Petrobras fecharam em alta de mais de 12% nesta terça-feira. O desempenho fez com que o índice de referência Ibovespa encerrasse o pregão com avanço de 0,95%, aos 76.071 pontos, mesmo em um dia negativo no mercado externo. Com o desempenho de hoje, a Petrobras recuperou R$ 31,3 bilhões do seu valor de mercado, embora, desde o incío da semana passada, continue acumulando perda de R$ 94,7 bilhões. No mercado de câmbio, o dólar comercial teve sessão turbulenta e fechou com alta de 0,29%, cotado a R$ 3,738 para venda.

As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras subiram 14,13%, cotadas a R$ 19,30, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) avançaram 12,37%, a R$ 22,24, liderando os ganhos do Ibovespa.

Na avaliação de Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial, a valorização da Petrobras nesta terça-feira é uma correção após a queda dos últimos dias, em especial de ontem, quando os papéis da estatal caíram mais de 14% e o Ibovespa perdeu 4,49% - sua maior queda diária em um ano.

- Estamos diante de uma recuperação de mercado, de gente em busca de "pechinchas". Essa alta, no entanto, não representa o fim do estresse. Estamos reagindo ao cenário interno, com risco fiscal, temor de aumento de imposto e a Petrobras - disse.

Durante o pregão, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, convocou analistas de bancos para teleconferência em que garantiu que a estatal continuará sendo livre para determinar seus preços e defendeu sua gestão à frente da petrolífera.

- Não foi por causa da fala do Parente porque os papéis já subiam antes. Foi, na minha visão, uma movimento de correção, alinhado com a percepção de que a greve deu sinais de diminuir um pouco. Com a queda tão forte nos últimos pregões, abriu certa oportunidade de compra. Ainda não dá para dizer se ficou "barato", mas tivemos clientes interessados em entrar no papel por causa disso - explicou Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da corretora H. Commcor.

Até ontem, as ações ON da Petrobras acumularam queda de 34% em seis pregões.

A forte queda do pregão anterior ocorreu em dia de feriado nos Estados Unidos, o que reduziu a participação de investidores estrangeiros, que voltaram a atuar nesta terça-feira.

Na ponta contrária do pregão ficaram as ações da Vale, que têm maior peso no pregão. Os papéis caíram 1,78%, a R$ 50,16. Pesou no desempenho da mineradora o fato de o presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, ter dito que "se a greve continuar será inevitável para a Vale reduzir produção."

No caso dos bancos, as preferenciais do Itaú Unibanco caíram 0,35%, enquanto as do Bradesco subiram 0,41%. Os papéis do Banco do Brasil subiram 2,26%.

No caso do câmbio, além do movimento externo, a paralisação dos caminhoneiros também ajudou a levar à alta do dólar.

Na véspera, o dólar comercial subiu forte, a R$ 3,729, e fechou com uma valorização de 1,63% ante o real.

Na noite de ontem, o Banco Central (BC) anunciou que manterá em junho os leilões de swap cambial (equivalente a uma venda de moeda no mercado futuro). A quantidade está em 15 mil contratos ao dia, o que equivale a US$ 750 milhões de liquidez adicional. Além disso, a autoridade monetária está fazendo a rolagem dos contratos que vencem em 1º de julho.

- O câmbio local acompanhou nesta terça-feira o movimento do dólar no exterior, mesmo com o aviso do BC de continuar fazendo a oferta adicional de swap - avaliou Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio.

No exterior, os principais indicadores operam em queda. O Dow Jones cai 0,71% e o S&P 500 tem desvalorização de 0,63%. O governo dos Estados Unidos afirmou que vai anunciar nas próximas semanas a lista de importações da China que terá uma tarifa adicional. São cerca de US$ 50 bilhões em bens que terão uma sobretaxa de 25%.

Já na Europa as bolsas caem com a incerteza política na região, em especial devido à situação política na Itália, a terceira maior economia da região. O FTSE 100, de Londres, cai 0,71%, e o DAX, de Frankfurt, recua 0,63%.