quarta-feira, 9 de maio de 2018

Dólar supera R$ 3,60 pela primeira vez em quase dois anos


Pacotes com notas de US$ 100. - Scott Eells / Bloomberg


O Globo


A tensão diplomática entre Estados Unidos e Irã faz o petróleo subir e leva para cima as ações da Petrobras, que registram valorização de mais de 3%. Com isso, o Ibovespa, principal índice do mercado local, registra valorização de 0,31%, aos 83.215 pntos. Já do dólar comercial avança 0,86% ante o real, cotado a R$ 3,599. Na máxima, já chegou a R$ 3,601.

O comportamento do mercado brasileiro é bem semelhante a de outros emergentes, que têm variações mais contidas, embora continuem pressionados pelas incertezas no exterior. 

"A maioria dos mercados avançam nesta manhã, ajudados pela valorização de ações do setor de energia na esteira do salto do petróleo durante a madrugada em reação à decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã e restabelecer sanções econômicas a Teerã". avaliaram, em relatório, os analistas da XP Investimentos.

O petróleo do tipo Brent opera em alta de 2,51% no exterior, a US$ 76,73 o barril. Com isso, as ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Petrobras sobem 2,44%, cotadas a R$ 23,47, e as ordinárias avançam 3,75%, a R$ 25,67.

Ainda entre as mais negociadas, os papéis da Vale sobem 0,95%. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco registram alta de, respectivamente, 0,16% e 0,30%. O setor bancário é o de maior peso na composição do índice.

A maior alta, no entanto, é registrada pela Gerdau Metalúrgica, com ganhos de 5,32%, seguido pela Marfrig, que avança 5,22%. Na outra ponta, as ações da Smiles lideram as perdas, com recuo de 2,08%.

No exterior, o "dollar index", que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, cede 0,18%. O dólar comercial está no maior patamar em dois anos.
A pressão sobre as moedas emergentes ocorre devido à expectativa de um aumento maior dos juros nos Estados Unidos. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano voltaram a romper o teto psicológico de 3% e operavam a 3,014% - nível mais alto em duas semanas. 

Este mix decorre do aumento das expectativas de inflação nos EUA, especialmente agora, com perspectiva de rali nos preços do petróleo e de uma posição mais inclinada ao aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

No ano, o dólar comercial avança cerca de 8% ante o real. Há uma preocupação de que essa valorizaçao possa ter efeito na inflação, o que faria o Banco Central (BC) interromper o processo de alta de juros. Por essa razão, ontem os contratos no mercado futuro fecharam em alta. No entanto, à noite, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, em entrevista à Globonews, afirmou que essa valorização está ligada a fatores externos e é um movimento global.

Essa declaração tirou um pouco de pressão sobre os juros. Os contratos de janeiro de 2019, por exemplo, recuam de 6,33% para 6,31% e os de 2010, de 7,30% para 7,27%.