domingo, 23 de janeiro de 2022

Empresas já listadas na B3 preparam R$ 20 bi em novas ofertas de ações

 

Ofertas subsequentes devem seguir aquecidas nas próximas semanas  Foto: Werther Santana/Estadão


As aberturas de capital pararam no Brasil desde agosto, mas as empresas já listadas na B3, ou seja, conhecidas pelos investidores, vão tentar colocar no mercado cerca de R$ 20 bilhões em ofertas subsequentes de ações (follow on) nos próximos dias. Ao menos cinco companhias vão acessar o mercado: BraskemBRF e Equatorial farão ofertas bilionárias, enquanto o banco BR Partners e a 3Tentos, de agronegócios, vão fazer ofertas pequenas, voltadas para atrair o pequeno investidor de varejo.

Nesta semana, a Braskem fará oferta de ações que pode somar R$ 8 bilhões, em operação simultânea no Brasil e nos Estados Unidos. As donas da petroquímica, Petrobras e Novonor (ex-Odebrecht), vão vender parte de suas ações. A operação terá a definição do preço no próximo dia 27, mesmo dia em que a 3Tentos deve fechar um follow on de R$ 4 milhões, quase simbólico, voltado para atrair o pequeno investidor de varejo para sua base de acionistas, formada só por grandes investidores.

O BR Partners também fará um follow on com o mesmo objetivo da 3Tentos, atrair o investidor pequeno. A operação pode somar R$ 5 milhões e o preço de venda do papel será definido dia 25, feriado do aniversário de São Paulo, mas com a B3 funcionando normalmente.

Lupa

Já a BRF vai fazer uma oferta que pode bater em R$ 8 bilhões, considerando os lotes extras. A venda é voltada só para investidores qualificados, aqueles com mais de R$ 1 milhão para investir e com limite de 50 participantes. A precificação é dia 1º de fevereiro. Analistas e investidores vão acompanhar o resultado da oferta com lupa, pois é uma chance de a rival Marfrig assumir o controle da BRF. Se conseguir comprar todos os papéis da oferta, o BTG Pactual estima que chegará a 52% do capital da dona das marcas Sadia e Perdigão.

Há ainda a expectativa pela oferta subsequente da Equatorial Energia, que pode movimentar R$ 3,5 bilhões, incluindo os lotes adicionais. A expectativa era que a operação ocorresse já na última semana, mas a venda acabou sendo adiada. A empresa já confirmou a operação, mas ainda não revelou o prospecto e as datas.

Enquanto as ofertas subsequentes tendem a continuar aquecidas nas próximas semanas, banqueiros de investimento seguem céticos com as aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês). Mesmo nos Estados Unidos está mais difícil colocar as operações, lembra o diretor de um banco estrangeiro. Por ora, as empresas estão optando por desistir das operações, esperando um melhor momento pela frente. Na CVM, já há 10 cancelamentos de IPOs até agora, incluindo nomes como a Coty, de cosméticos, a Dori Alimentos e a rede de supermercados Cencosud.

Altamiro Silva Junior, O Estado de São Paulo