quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

'Prazo para explicações do presidente: a farsa que o STF encena junto com senadores', por J.R. Guzzo

 

Estátua da Justiça, na frente do prédio do STF.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil


Tornou-se um vício na política brasileira. Um senadorzinho de algum cafundó que se elege com meia dúzia de votos, um dos partidos nanicos que vivem às custas do pagador de imposto ou um desocupado qualquer, desde que tenha carteirinha de “esquerda”, pedem ao Supremo Tribunal Federal que dê “48 horas” de prazo para o presidente da República responder porque agiu, ou não agiu, assim ou assado. 

O STF atende correndo, todas as vezes, e lá vai alguém no Palácio do Planalto ocupar o seu expediente arrumando uma resposta qualquer, que nunca se fica sabendo qual foi. 

É uma palhaçada.

É também uma nova comprovação da descida do STF na militância política mais barata que se poderia encontrar. As explicações exigidas em “48 horas” são, invariavelmente, disparates em estado puro, sem uma molécula de relevância para o interesse público. 

O autor do pedido não está interessado em esclarecer nada – quer apenas agredir o governo com política de baixa qualidade e aparecer por um instante no noticiário. 

Os ministros agem como seus cúmplices.

O STF nunca exigiu, nos governos anteriores, explicação nenhuma, sobre nenhum assunto, de presidente nenhum – e só Deus sabe quanta coisa haveria para explicar. 

Com Jair Bolsonaro, de repente, o PT e seus serviçais descobriram que os ministros aceitam qualquer coisa para mostrar que são os grandes inimigos do presidente – e inventou-se essa extravagância de responder a uma estupidez qualquer em “48 horas”, ou “três dias”, ou seja lá o que for.

No fim das contas, acaba sendo apenas mais uma trapaça do eixo esquerda-STF. Na hora de exigir as “explicações”, os senadorzinhos etc. aparecem no noticiário, junto com os parceiros do tribunal; fazem barulho e ganham mais 15 minutos de fama.

Mas, como ninguém aí tem a mais remota intenção de levantar questões sérias, nem de informar o público sobre coisa nenhuma, acaba não acontecendo nada.

Querem só fazer a pergunta; estão pouco se lixando para a resposta. O que importa é a gritaria. Feito um requerimento de “explicações”, já estão armando o requerimento seguinte – e depois mais um, e assim por diante. 

O resultado é que ninguém, a começar pelos participantes desta fraude, tem a menor ideia sobre o que o governo “explicou”. Tanto é assim que nenhum dos ultimatos do STF resultou em qualquer providência conhecida.

É ilegal? Provavelmente. É uma farsa? Com certeza. Ou seja: é a cara desse STF que está aí.


Gazeta do Povo