Mesmo depois de ter apagado o vídeo que incentivava a redução do consumo de carne, o Bradesco continua sofrendo as consequências por ter apostado na lacração e no politicamente correto.
A publicação foi retirada dos canais oficiais do banco em 24 de dezembro. No mesmo dia, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (Faet) e o Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste (SRSGO), no Mato Grosso, emitiram notas de repúdio ao conteúdo.
“É inacreditável que uma instituição financeira reconhecida preste um desserviço social como este, desaconselhando o consumo desta excelente fonte de proteína, cujos benefícios já foram cientificamente comprovados”, afirmou a ABCZ. A instituição, que possui 24 mil associados, pediu “cautela, sensatez e rigor do Bradesco em suas comunicações e que direcione seus esforços, como nós produtores rurais fazemos, para a promoção da saúde mundial”.
“O comercial do Bradesco agride quem trabalha e produz no campo e também contraria o comportamento de seus gestores e funcionários que costumam dispensar outro nível de atenção e consideração ao produtor rural”, destacou a FAET.
“Se o segmento da pecuária é tão prejudicial ao meio ambiente, por que o Banco Bradesco, com as suas linhas de crédito, financia essa atividade?”, questionou o SRSGO. “É hipocrisia ou ganância?”
Nesta semana, o sindicato Rural de Uberlândia (SRU) fez o mesmo por meio de um comunicado publicado na terça-feira 27.
O SRU cobrou do Bradesco uma “campanha publicitária em nível nacional que incentive o consumo de carne bovina com excelente fonte de proteína, com benefícios já comprovados”.
Em São Paulo, a assessoria de imprensa do Sindicato Rural da Alta Noroeste, que abrange pecuaristas da região de Araçatuba, disse a Oeste que o assunto ainda repercute entre seus associados. “Vamos fazer campanhas de informação e conscientização à sociedade mostrando que a pecuária não é nenhuma vilã ambiental”, informou.
O deputado estadual Frederico D’Ávila (PSL-SP), ex-vice-presidente da Aprosoja, comentou em suas redes sociais que o fundador do Bradesco, Amador Aguiar, começou a vida como lavrador, cultivando a terra. “Imaginem Amador Aguiar vendo seus diretores aderindo à campanhas anti-agro, promovendo a Ideologia de Gênero e a pauta ESG, sendo que esta última é na verdade uma ferramenta dos países ricos para atrasar o crescimento dos países em desenvolvimento”, comentou.
Por meio de um vídeo que circula nas redes sociais, o médico veterinário Leonardo Razera lembrou que a produção agropecuária brasileira é “extremamente sustentável”.
“Os produtores que aderiram à questão da sustentabilidade retêm muito mais carbono do que emitem”, comentou. “O agronegócio tem que ser motivo de orgulho para nós brasileiros.” Razera lembra que o agro do Brasil alimenta 1,5 bilhão de habitantes pelo mundo. “O que seria do planeta sem o agronegócio brasileiro?”
Artur Piva, Revista Oeste