segunda-feira, 17 de junho de 2019

Odebrecht entra com pedido de recuperação judicial

A Odebrecht  entrou na tarde desta segunda-feira, 17, com pedido de recuperação judicial, na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, em São Paulo. O pedido inclui  a Kieppe e a Odbinv,  controladoras do grupo, cuja dívida total é de R$ 98 bilhões (incluindo empréstimos intercompanhias). A recuperação judicial, no entanto, inclui dívidas de R$ 51 bilhões  - valor que poderá chegar a R$ 65 bilhões futuramente, dependendo dos credores. 

Odebrecht
Empresa está sem alternativas para resolver seu problema
de liquidez financeira Foto: JF Diorio/ESTADÃO
Na última semana, a Caixa, uma das credoras da empresa, iniciou processo de execução das dívidas da empresa. A execução corre em segredo de Justiça, como desdobramento da pressão que o banco público vem fazendo contra o grupo desde o pedido de recuperação judicial da Atvos, braço de açúcar e álcool da holding, no fim de maio.
A Atvos, que tem dívida de quase R$ 12 bilhões, foi a primeira companhia do grupo a recorrer à proteção da Justiça para renegociar seus débitos.
Até a semana passada, os grandes bancos brasileiros negociavam em conjunto uma recuperação extrajudicial do grupo Odebrecht. Caso a recuperação vá parar na Justiça, os bancos credores entrarão numa fila para receber os empréstimos, ao lado de funcionários, governo, fornecedores e outros. Além disso, o desconto sobre a dívida tende a ser bem maior. Por isso, a organização para a recuperação extrajudicial do grupo controlador, que garante empréstimos de cerca de R$ 20 bilhões de suas subsidiárias.
Em nota, a Odebrecht afirmou que não estão incluídas no pedido de recuperação judicial as seguintes sociedades: Braskem S.A., Odebrecht Engenharia e Construção S.A., Ocyan S.A., OR S.A., Odebrecht Transport S.A., Enseada Industria Naval S.A. (em conjunto denominadas “Negócios”), assim como alguns ativos operacionais na América Latina e suas respectivas subsidiárias. Também estão fora da recuperação judicial da Odebrecht a Atvos Agroindustrial S.A. (que já se encontra em recuperação judicial) e a Odebrecht Corretora de Seguros, Odebrecht Previdência e Fundação Odebrecht.

Renée Pereira, Cyntia Decloedt, O Estado de S.Paulo