Gustavo Schmitt, O Globo
O juiz Sergio Moro condenou o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o empreiteiro Leo Pinheiro e outras dez pessoas por corrupção nas obras do novo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), na Ilha do Fundão. O caso envolve propina de R$ 20, 6 milhões, o equivalente a 2% do contrato da licitação. O dinheiro foi destinado a funcionários da estatal e políticos.
Ferreira foi sentenciado a nove anos e dez meses por lavagem de dinheiro de R$ 2, 1 milhões e associação criminosa. Ele foi preso em julho de 2016, quando foi deflagrada a 31ª fase da Operação Lava-Jato, chamada de Abismo. Em fevereiro do ano passado, Ferreira foi solto após pagar fiança de R$ 200 mil.
Moro ainda condenou por corrupção Duque e Pinheiro. Os dois estão presos em Curitiba, mas devem ter as penas abrandadas já que ambos têm colaborado com a Justiça.
A defesa do ex-tesoureiro reafirma sua inocência e informa que vai recorrer da decisão. O advogado de Duque, Antonio Figueiredo Bastos, não quis comentar a sentença.
Segundo a denúncia, um consórcio, formado pelas empreiteiras OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Construcap CCPS Engenharia e Schahin Engenharia, fraudou a licitação das obras da Petrobras para a ampliação do novo Cenpes por meio de pagamento de propinas a funcionários da estatal e a partidos políticos.
Como se não bastasse, as empreiteiras teriam oferecido propina de R$ 18 milhões à empresa WTorre, que havia apresentado a melhor proposta na licitação, para que se afastasse da disputa. Os executivo da empresa foram chamados a depor no processo, mas negaram as acusações.
Instalado há 40 anos na Ilha do Fundão, no Rio, o Cenpes foi duplicado para atender ao desafio de buscar novas tecnologias para retirar petróleo de águas ultraprofundas, o pré-sal.
Além do ex-tesoureiro do PT, de Duque e de Léo Pinheiro, também foram condenados o operador e lobista Adir Assad; o ex-diretor da OAS Agenor Franklin Medeiros; o ex-vereador do PT Alexandre Romano; Edison Freire Coutinho; Erasto Messias da Silva Júnior; os executivos da Construbase Genésio Schiavinato Júnior e da Schahin José Antônio Marsílio Schwarz; o sócio da Carioca Engenharia Ricardo Backheuser Pernambuco; Rodrigo Morales; Roberto Ribeiro Capobianco e Roberto Trombeta.
Pelo menos cinco deles já haviam fechado acordo de delação premiada e terão as penas reduzidas em troca da colaboração: Alexandre Romano, Ricardo Pernambuco, Edison Freire Coutinho, Morales e Trombeta.
O juiz Moro escreveu na sentença que Assad, Trombeta e Morales eram os operadores e responsáveis pela lavagem de dinheiro no esquema. Já o ex-vereador Alexandre Romano é apontado como intermediário da propina em benefício de Ferreira.