Pela primeira vez desde 2013 os Correios (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) registraram lucro. Seu balanço de 2017 registra ganhos de R$ 667 milhões. Passando por grandes dificuldades financeiras, enredada na burocracia e afetada pela queda do número de correspondências em razão do avanço da internet, a empresa parecia fadada a continuar alimentando o déficit do setor público – e até mesmo a se tornar inviável. Por isso, o resultado de 2017 foi surpreendente.
O desempenho econômico-financeiro é consequência de um processo de ajuste em profundidade iniciado em 2016, com o programa de demissões incentivadas e outras medidas que podem vir a confirmar que a estatal “é viável e pode ser até lucrativa”, como disse o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. O desafio agora é dar continuidade ao processo de modernização e de recuperação financeira, com controle rígido de despesas, inclusive com pessoal.
Com a queda vertical no número de correspondências processadas, os Correios passaram a depender muito mais da entrega de encomendas, hoje sua maior fonte de receita. Atenta à realidade, a empresa mudou sua estratégia nos últimos dois anos, passando a atuar com mais agilidade para poder competir na entrega de encomendas originadas pela rápida expansão do comércio eletrônico.
Levantamentos preliminares indicam que o valor de transações por e-commerce processadas pelos Correios alcançou R$ 48,8 bilhões em 2017, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Apenas no primeiro semestre do ano passado, a receita proporcionada por fretes relativos a compras de mercadorias online atingiu R$ 1,03 bilhão.
Esse novo filão permite levar adiante a desativação de agências – há muitas próximas de outras nos grandes centros – e uso mais intenso de lojas virtuais, o que possibilitará redução de custos. De outro lado, há necessidade de mais investimentos em logística, especialmente em processos computadorizados para agilizar a triagem de encomendas.
Em face disso, os Correios pleiteiam do governo a devolução de R$ 3,2 bilhões, valor relativo a dividendos alegadamente pagos a mais à União antes de 2013. Qualquer que seja o resultado do pleito, espera-se que os Correios deixem em definitivo o rol das estatais deficitárias.