quarta-feira, 2 de maio de 2018

Após decisão do Fed, dólar mantém alta e vale R$ 3,53


Pacotes com notas de US$ 100. - Scott Eells / Bloomberg


Ana Paula Ribeiro, O Globo


Após uma alta de mais de 6% no mês de abril, o dólar manteve a trajetória de valorização no primeiro dia útil de maio. A moeda americana avançou 1,28%, cotado a R$ 3,550. Essa é a maior cotação desde meados de junho de 2016, em uma valorização impulsionada pela decisão sobre os juros nos Estados Unidos e as preocupações em relação ao cenário político no Brasil. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações, recua 1,24%, aos 85.049 pontos.

Na máxima da sessão, a moeda chegou a R$ 3,556, essa é a maior cotação registrada durante o horário de negociação (intraday) desde 3 de junho de 2016, quando o valor da divisa americana chegou a R$ 3,359.

O Federal Reserve (Fed, o bc americano) anunciou nesta quarta-feira que manteve os juros dos EUA. As taxas continuaram entre 1,5% e 1,75% ao ano.

— Boa parte da queda da Bolsa se deve ao desempenho do Itaú, que contamina o mercado negativamente e deixa o Ibovespa com dificuldade de ganhar fôlego mesmo diante da melhora dos índices externos após o anúncio do Fed — afirmou Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial Research. — O anúncio do Fed não trouxe nenhuma novidade, e é justamente isso que ajudou o mercado, já que havia certa tensão com a possibilidade de o comunicado trazer alguma sinalização mais forte sobre a inflação e os juros.

No mercado externo, o “dollar index”, que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, sobe 0,20%.

— É previsível a manutenção do viés de valorização do dólar na cesta de moedas, pelo menos até que a autoridade monetária americana torne pública a sua decisão — avaliou Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio, antes do anúncio da decisão.

No mercado acionário, as principais ações operam em queda. As preferenciais da Petrobras (PNs, sem direito a voto) caem 1% e as ordinárias, cotadas a R$ 22,74, (ONs, com direito a voto) têm desvalorização de 0,20%, a R$ 24,58.

O setor bancário, de maior peso no índice, também está em queda. As PNs do Itaú Unibanco estão entre as principais quedas. O banco divulgou seu balanço na terça-feira. O lucro da instituição no primeiro trimestre do ano foi de R$ 6,28 bilhões, alta de 3,8% na comparação com igual período do ano passado.

Em relatório, o analista do Credit Suisse Marcelo Telles afirmou que os resultados do Itaú são "neutros ou marginalmente negativo para suas ações". De acordo com o banco, embora o lucro líquido tenha vindo em linha com a expectaiva dos analistas de mercado, ele foi 5,9% menor do que o Credit Suisse antecipava por causa da "melhora aquém do esperado nos gastos com provisões."

- A parte de crédito tem mostrado recuperação, o que é bom, mas ainda vemos uma margem relativamente fraca. Pelo lado de seguros e tarifas, o desempenho também veio aquém do que deveria, sobretudo entre os seguros. O Itaú tem tentando abrir sua plataforma, mas o desempenho ainda não tem sido bom - explicou Eduardo Cintra, sócio e analista da gestora Pacífico. - Como um todo, porém, o resultado veio dentro do esperado, só que ele acabou sendo mais ajudado pelo desempenho das operações de tesouraria do banco. Em geral, espera-se que o resultado venha da intermediação financeira, dos seguros etc. Mesmo isso, vejo como um pouco exagerado a desvalorização no pregão de hoje. Certamente, alguns players esperavam que viesse algo muito melhor do que o consenso. 

Na outra ponta, as ações da CSN sobem 3,53% e as da Usiminas registram valorização de 1,19%. O setor de siderurgia opera sob a perspectiva do fechamento do acordo de cotas para a exportação de aço para os Estados Unidos.

Na Eletrobras, as ações ordinárias sobem 5,08% (R$ 20,04) depois de o colunista do GLOBO Lauro Jardim informar que a estatal assinou memorando de entendimentos nos EUA para entrar em acordo com os investidores americanos que a processam por causa da Lava-Jato.