sexta-feira, 22 de maio de 2015

Zelotes: Ex-conselheiro diz que 40% de propina iria para a Receita Federal

Filipe Coutinho e Thiago Bronzatto - Epoca

Jorge Victor Rodrigues diz em depoimento à Polícia Federal que negociou R$ 500 mil em propinas



Um ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, admitiu à Polícia Federal que negociou R$ 500 mil em propinas e disse que parte desse valor seria repartido com integrantes da Receita Federal.
Trata-se de depoimento de Jorge Victor Rodrigues, conselheiro do Carf até agosto do ano passado.  Rodrigues foi à superintendência da Polícia Federal em Brasília no dia 26 de março e confessou ter operado em favor do Banco Santander. O banco é alvo de cobranças de mais de R$ 1 bilhão no Carf.
Jorge Victor disse aos policiais que tratou de R$ 500 mil em propinas, além de uma taxa de sucesso de 4%. O ex-conselheiro admitiu a propina após ser confrontado pela PF com uma ligação na qual trata do assunto com o advogado Jeferson Salazar, classificado pela PF como um “comparsa”. Foi aí que o ex-conselheiro implicou servidores da Receita Federal no caso: “Tais valores seriam repartidos da seguinte forma: 40% iriam para Salazar e 60% para os servidores da Receita que iriam trabalhar no caso”.
Depoimento de Jorge Victor Rodrigues, ex-conselheiro do Carf, à Polícia Federal, na Operação Zelotes (Foto: reprodução)
Jorge Victor, contudo, recusou-se a dar mais detalhes e não apresentou nomes. O ex-conselheiro disse a PF que apenas transmitiu um recado a Salazar, mas que não se lembrava de quem partiu a mensagem. A PF ainda busca evidências da propina: quem pagou, quem recebeu e de que maneira.
Procurada por ÉPOCA, a defesa de Jorge Victor Rodrigues disse que ele falou sob pressão – mas não desmentiu o teor do que o cliente dele narrou à PF. “Ele só disse isso para preservar a sua liberdade, ante o receio de veladas ameaças dos interrogadores”, disse o advogado Eduardo Toledo. O banco Santander não foi notificado pela PF. O advogado Jeferson Salazar não foi localizado.