sábado, 23 de maio de 2015

Vice-presidente do PT diz que Tarso Genro não toma decisões pelo partido

Marcelo Remigo - O Globo

Para Cantalice, mesmo com a chegada do ex-governador gaúcho no estado, comando do PT permanece com diretório



Encontro na manhã deste sábado discutiu entre os temas a aliança com o PMDB - Marcelo Remígio


O vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice, afirmou neste sábado que o diretório regional do partido no Rio receberá de braços abertos o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. No entanto, o petista gaúcho não dará o tom político a ser seguido pela legenda no estado. Cantalice defendeu que decisões, como o rompimento da aliança com o PMDB fluminense, cabem ao diretório estadual. O dirigente nacional participou nesta manhã do 5º Congresso Estadual do PT, Ginásio do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, em Benfica, na Zona Norte do Rio, que reuniu cerca de 400 militantes.

- O Rio de Janeiro é um estado generoso, recebeu companheiros de outros lugares, como o senador Lindbergh Farias, que é da Paraíba, e vai receber também o Tarso Genro. Mas chegar e querer dar o tom político? Isso, não. Isso cabe à direção regional. Ele poderá ajudar, é uma liderança nacional. Agora, quem vai definir a política no Rio somos nós - afirmou Cantalice, que é do Rio, ao comentar a proposta de Tarso de criar uma frente de esquerda para concorrer à prefeitura da capital e romper a aliança PT-PMDB: - Essa posição de rompimento com os peemedebistas é de uma minoria no diretório estadual. Participamos dos dois governos do prefeito Eduardo Paes (na capital) e temos três secretarias. Como justificar a nossa saída? - indaga.

Tarso promoveu na noite de sexta-feira, no Rio, uma plenária para discutir a criação da frente de esquerda, tendo como meta o fortalecimento da legenda nas eleições de 2018. A reunião teve o apoio e a participação do senador Lindbergh Farias e do deputado federal Alessandro Molon. Eles defendem o rompimento imediato com o PMDB. Lindbergh, que foi derrotado pelo governador peemedebista Luiz Fernando Pezão nas eleições do ano passado para o Palácio Guanabara, é um dos mais críticos à aliança. Integrante da mesa de discussões do congresso, o senador acusou o diretório regional de defende uma parceria com um partido que faz chantagem e mantém como refém a presidente Dilma:

- Como poderemos ficar ao lado de nomes como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e a família Picciani (Jorge e Leonardo), que são quem chantageiam e comandam a pressão sobre o governo Dilma? Não quero sair ao lado deles na foto - contestou o senador.

Partidários da proposta de Tarso distribuíram copia do manifesto sobre a frente de esquerda definido na plenária.

Contrário a Lindbergh, o presidente Regional do PT, Washington Quaquá, prefeito de Maricá, voltou a defender, nesta manhã, a união com o PMDB. Segundo ele, o partido é necessário para a governabilidade do governo Dilma e que, no Rio, o prefeito Eduardo Paes tem sido um fiel aliado à presidente. Quaquá ironizou a iniciativa de Tarso de querer impor rumos políticos no estado e afirmou quer a base do governo Dilma precisa ser repensada:

- Não estou pensando nisso agora (eleições municipais) e não estou preocupando com a chegada do Tarso Genro. Estou até me divertindo... - afirmou, para completar, segundos depois, a frase: - ...com o debate.

As eleições municipais, a crise política, o ajuste fiscal promovido pela presidente Dilma e cortes no Orçamento, além das denúncias de corrupção envolvendo o PT, foram temas debatidos no encontro. Foi colocada a necessidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar às ruas para recuperar o apoio ao PT de setores populares. O deputado estadual Carlos Minc alertou para falhas do PT em atender aos prefeitos do partido no estado, e alertou para o risco de a legenda reduzir o número de prefeituras. Para ele, o partido “não tem conversado com os prefeitos”. 

Hoje, o PT tem 11 prefeituras. Já a deputada federal Benedita da Silva afirmou que o partido terá dificuldades nas próximas eleições, em função de problemas na economia, o que fez a oposição se organizar e conseguir o apoio de setores da sociedade que antes acompanhavam a legenda.