Há a crítica fácil e a crítica difícil. A fácil pode ser resumida assim: “Pô, num momento em que o governo quer cortar R$ 80 bilhões do Orçamento e pune os desempregados e as viúvas, vamos dar mais R$ 50 bilhões para o BNDES?”. Bem, acho que se misturam aí alhos e bugalhos. O país não pode parar porque é governado pelo PT. Tenho uma outra proposta: que tal o país se organizar para parar o PT nas urnas? A que me refiro? Vamos lá.
O Senado referendou nesta terça proposta já aprovada na Câmara que libera R$ 50 bilhões do Tesouro para o BNDES. Sou favorável? Sou. Acho que é urgente instalar uma CPI para investigar empréstimos que o banco andou fazendo a estrangeiros e a nacionais? Acho. As duas coisas são possíveis e necessárias.
Notem: vem por aí um esforço — ao menos um esforço — para lançar um pacote de concessões. Não c0nfio muito, confesso, porque a gestão é incompetente. Se, no entanto, sair, será preciso financiar parte das operações. Digamos que o momento não seja bom para as empresas recorrerem a empréstimos convencionais. Os juros são proibitivos.
Se as concessões não saem por dificuldade de crédito, não é Dilma quem se dá mal; é o país. Compreendo, sim, que parlamentares da oposição possam votar contra. A rigor, Dilma não precisaria depender deles para ver aprovados projetos que considera essenciais.
Emenda aprovada na Câmara e, agora, também no Senado diz que o BNDES não poderá alegar “sigilo” caso lhe sejam pedidos detalhes sobre seus empréstimos. Dilma pode vetar a proposta — mas o veto sempre pode ser derrubado.
Foi protocolado ainda na Câmara um pedido de CPI para investigar, muito especialmente, as operações internacionais do banco. Está em sétimo lugar na fila.
Acho, sim, que as operações do BNDES acabam sendo muito pouco transparentes, sobretudo porque lidam com dinheiro público. Mas também é preciso não inviabilizar o futuro em razão de lambanças do presente.
O banco não pode parar à espera do fim da crise política — que, de resto, não se extinguirá rapidamente. Mas também não pode se dispensar de prestar contas de seus atos. São domínios distintos, que podem conviver.