Há um consenso entre os economistas sobre a rigidez dos gastos públicos como um grave problema na hora dos ajustes fiscais necessários. Como boa parte do que se gasta é vinculado a regras rígidas ou programas sociais, o que vemos é o governo gastar muito em época de bonança e, na crise, jogar a fatura nas costas dos pagadores de impostos. O ajuste fiscal de Joaquim Levy não foge à regra.
Em evento ocorrido nesses dias, economistas sérios ligados ao PSDB apontaram novamente para o problema. A necessidade de se flexibilizar os gastos públicos e se adotar reformas estruturais é urgente. Mas creio que esses economistas pecam no excesso da própria flexibilidade, ou seja, são pouco intransigentes com esses governos perdulários e com esse “pacto social” insustentável.
Eles apontam na direção correta, que é a redução dos gastos públicos, mas parecem aceitar com algum grau de fatalismo a imposição de maiores impostos como única saída “realista” em tempos de crise. Por isso alguns deles se recusam a criticar Levy: porque fariam coisas parecidas se estivessem na equipe econômica. Aumentar impostos, já que é a única forma “viável” hoje, passa a ser a saída adotada, mesmo por economistas “acusados” de liberais.
Em reportagem do Estadão podemos ver essa postura. Samuel Pessôa e Mansueto Almeida são bons economistas, críticos severos da gestão petista. Mas parecem aceitar com certa naturalidade o resultado dessas más políticas:
Em reportagem no Valor, a mesma mensagem:
Eles estão certos: a rigidez dos gastos é um problema sério, e é fundamental atacar o problema em sua raiz. Dito isso, creio que esses economistas deveriam adotar uma postura intransigente com o aumento de impostos. É simplesmente indecente, imoral e ineficiente subir mais a nossa carga tributária, que já é escandinava apesar dos serviços africanos. Não podemos aceitar de forma negligente que, por conta da rigidez dos gastos, vamos sempre resolver as trapalhadas dos governos perdulários subindo impostos.
Podem me acusar de ser um economista liberal radical, ou de demonstrar pouco pragmatismo diante da situação real que se apresenta. Mas acho que é justamente essa conivência velada dos economistas “liberais” que permitiu até aqui o aumento crescente da carga tributária, sem nada em troca. Até quando vamos engolir “ajustes fiscais” que significam somente mais impostos? Chega!
Se o preço a se pagar for uma “crise aguda”, que paguemos esse preço, pois quem sabe assim se compreenderá de uma vez por todas que é preciso flexibilizar e cortar drasticamente os gastos públicos, aprovar reformas estruturais e rever o “pacto social” desse modelo inchado de estado?