Thiago Herdy - O Globo
Aécio considera “extremamente graves” informações de ‘Veja’ sobre pedido de dinheiro por Palocci a Costa; líder do PPS na Câmara pedirá convocação do ex-ministro para CPI

O candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, defendeu hoje que as investigações sobre corrupção na Petrobras sejam aprofundadas. Ele avaliou como “extremamente graves” denúncias trazidas neste sábado por reportagem da revista “Veja”, sobre um suposto pedido de dinheiro do então coordenador da campanha de Dilma, em 2010, Antonio Palocci, ao diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo a revista, o dinheiro financiaria a campanha do PT naquele ano. Costa teria revelado o pedido em depoimento à Justiça, durante o processo de delação premiada, sem dar certeza sobre se o dinheiro chegou à campanha de Dilma. À revista, Palocci negou o pedido. Para Aécio, as investigações precisam ser comprovadas.
— É assustador o que está acontecendo no Brasil. A cada semana, a cada dia, uma nova denúncia de corrupção. E são denúncias extremamente graves. É claro que precisam ser comprovadas. Mas quem diz isso não é a oposição. É o diretor da empresa na sua delação premiada — disse o candidato, depois de participar de uma entrevista com correspondentes de jornais do interior paulista em Osasco, na Grande São Paulo.
Aécio, que está em terceiro lugar nas pesquisas, disse estar comprometido com o “combate à corrupção” caso seja eleito.
— É preciso que essas investigações possam ir a fundo e quero aqui reafirmar, eu vou tirar a Petrobras das garras desse grupo político que se apoderou da nossa maior empresa pública para fazer negócios — disse.
Depois do encontro com jornalistas, Aécio fez caminhada no centro de Osasco, na companhia do candidato ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e do ex-jogador Ronaldo “Fenômeno”, amigo pessoal do tucano. Ronaldo reclamou de “casos de corrupção que não acabam nunca mais” e citou Aécio como “a melhor mudança para nosso país”, em sua visão.
— Quero deixar aqui meu apoio ao Aécio e dizer que de virada é mais gostoso —brincou o atacante, arrancando risadas de Aécio e da plateia.
Segundo levantamento divulgado na noite de sexta-feira pelo Datafolha, Dilma Rousseff tem 40% das intenções de voto, Marina Silva tem 27% e, Aécio, 18%. De acordo com a pesquisa, a diferença entre o tucano e Marina caiu quatro pontos em relação à última rodada de entrevistas, o que animou Aécio:
— Nossa diferença para a candidata que está em segundo lugar só diminui. Em uma semana cresci seis pontos em São Paulo, quatro pontos em Minas Gerais, em apenas uma semana. Tenho a menor rejeição entre os três principais candidatos — disse.
Na tarde deste sábado o tucano participa de encontro com cafeicultores em Varginha, no interior de Minas Gerais.
Líder do PPS na Câmara pedirá convocação de Palocci em CPI
Em nota divulgada neste sábado, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) anunciou que pedirá a convocação do ex-ministro Antonio Palocci para que ele explique o uso de dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras na campanha da presidente Dilma em 2010. Bueno é titular da CPI mista da Petrobras, mas o requerimento de convocação tem que ser aprovado pela maioria dos integrantes da comissão. A CPI só se reunirá após as eleições de 5 de outubro.
"Protocolaremos o requerimento de convocação na segunda-feira (29) e deixaremos que o presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB) defina se convoca uma reunião extraordinária para a próxima semana mesmo ou se deixa para definir sobre a ida de Palocci no dia do depoimento de Meire Poza (contadora do doleiro Alberto Youssef), no dia 8 de outubro ", afirmou, na nota o líder do PPS. “Não podemos nos esquecer que a CPI do Cachoeira foi empastelada quando chegou à campanha de Dilma em 2010, às doações de empreiteiras e de empresas fantasmas. Temos que retomar essa história daquele ponto”, disse o líder.