Germano Oliveira - O Globo
Candidata do PSB cobrou apuração sobre suposto pedido de Antonio Palocci a ex-diretor da Petrobras
Ao comentar a denúncia feita pela revista “Veja” de que o ex-ministro Antonio Palocci pediu R$ 2 milhões ao ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para a campanha de Dilma em 2010, a candidata do PSB a presidente da República, Marina Silva, defendeu o aprofundamento das investigações, mas disse que não é dos que acham que quanto pior melhor.
— Que a justiça faça a investigação. Que seja concluído trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e de todas as instituições envolvidas na investigação desse lamentável episódio, para que se tenha o veredito de se culpar culpados, de puni-los ou inocentar quem for inocente. Não costumo fazer política utilizando a corrupção, qualquer que seja ela, contra quem quer que seja, como forma de me promover. Não deseja o quanto pior melhor — disse Marina.
Ela deseja que o país continue com a imprensa livre para se continuar com investigações isentas.
— Eu quero debater é como vamos fazer para que a Polícia Federal continue fortalecida, autônoma, com condição de fazer as investigações e para que a sociedade brasileira não tenha o maior vetor da corrupção, que é a quase certeza da impunidade. Que tenhamos um país livre, com liberdade de expressão, para que os jornalistas possam divulgar todos os erros que vem sendo praticados como forma da sociedade saber e cobrar medidas urgentes e severas contra os que causam dolo ao recurso e interesse público. Eu quero ter as informações primeiro. Não queremos nos promover à custa de qualquer coisa. Não é nossa prática. Sem tem culpados, que a Justiça lhes dê um veredito e que sejam punidos. Seja quem for.
Quando um repórter lhe perguntou se achava que Dilma era corrupta, Marina disse que já haviam lhe perguntado isso antes.
— Eu disse que a presidente Dilma tem responsabilidades políticas pelo fato de durante 12 anos, no seu governo, uma pessoa ocupou um cargo dessa magnitude, porque ela foi ministra das Minas e Energia, ministra da Casa Civil e presidente da República. São responsabilidades políticas. Eu não tenho elementos ainda, e espero que não tenhamos, para dizer que ela tem responsabilidade direta. Eu não faço a política do quanto pior melhor.
Sobre o fato das investigações da PF apontarem também o nome de Eduardo Campos, o deputado Beto Albuquerque, seu vice, pediu a palavra para dizer que contra Eduardo há apenas citações, enquanto que contra Dilma há denúncias, como a publicada neste final de semana pela revista Veja.
— (Contra Eduardo Campos) essa foi uma citação leviana. Até agora não há absolutamente nada que comprove qualquer envolvimento do Eduardo e temos absoluta tranquilidade de dizer que o Eduardo não está envolvido em nada na Refinaria de Abreu e Lima. Essa refinaria merece ser investigada e nós fomos os primeiros a apoiar a CPI no Congresso porque nós não temos medo de absolutamente nada. Aliás só fizeram essa citação porque o Eduardo está morto. Se estivesse vivo não teriam feito — disse Albuquerque.
O presidente do PSB, Roberto Amaral, disse que a citação de Eduardo Campos foi feita por um "criminoso".
— É uma referência baseada no depoimento de um criminoso que está preso. um criminoso. O PSB requereu acesso aos autos e o MP negou. Os que são levianamente acusados, como no caso do Eduardo Campos, não tem acesso aos autos, mas a imprensa tem. Eu não compreendo isso.
Perguntada se não eram dois pesos e duas medidas, já que foi o mesmo Paulo Roberto Costa que citou Eduardo Campos e Dima, Marina respondeu que é por isso que ele pede primeiro investigação.
— O que foi que eu disse? Quero que as investigações sejam feitas. Não costumamos nos promover, enlameando a honra das pessoas. Foi isso que foi dito aqui. Poucos políticos tem coragem de dizer isso, porque usam da corrupção para se promover. Eu quero combater a corrupção. Essa é nossa postura. Não é discurso de campanha. Em relação ao PT, PSDB e a todos os mensalões que aparecerem.
Um repórter lembrou que o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, está dando valores, nome de quem o procurou para pedir dinheiro (Antonio Palocci) para a campanha de 2010 e se ela não achava isso grave.
— Por isso que nós queremos que os autos atestem o que ele está dizendo. Ele está fazendo acusações muito graves, que fazem estremecer esta República. E é exatamente por causa dessa gravidade que homens e mulheres de bem devem ter responsabilidade e não lançar mão da política a qualquer custo e a qualquer preço, para se promover.