O Globo com agências internacionais
Medida faz parte do esforço do governo para sustentar o crescimento econômico
PEQUIM - A China começou a liberar 500 bilhões de yuans (US$ 81,4 bilhões) de liquidez aos cinco maiores bancos do país, dentro do esforço do governo do primeiro-ministro Li Keqiang para sustentar o crescimento econômico. Na segunda-feira, o Banco Popular da China (PBOC) começou a destinar a cada banco 100 bilhões de yuans através de empréstimos com prazo de três meses, segundo o site de notícias Sina.com, citando a analista do setor bancário Qiu Guanhua, da Guotai Junan Securities Co.
— Isso é como imprimir dinheiro — disse Shen Jian-guang, economista-chefe da Mizuho Securities Asia Ltd, em Hong Kong. — O impacto imediato é semelhante a um corte de 50 pontos-base, para todos os bancos.
O movimento mostra a determinação do governo para apoiar a economia, mesmo com estímulo de base ampla que pode agravar o endividamento crescente do país. A meta da Premier Li, de cerca de 7,5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, está ameaçada pela crise imobiliária, fraca expansão industrial, investimento em ritmo moderado, apesar de um certo crescimento de vendas no varejo, revelados no último dia 13, o que sublinha os riscos de uma desaceleração econômica.
Os cinco maiores bancos do país — que não são identificados pelo site — são o Banco Industrial e Comercial da China Ltd., Agricultural Bank of China Ltd., China Construction Bank Corp, Bank of China Ltd. e o Bank of Communications Co.
— Com a desaceleração do crescimento e os reguladores reprimindo o crédito bancário sombra, parece que o PBOC está tentando cortar custos para os mutuários e setores preferenciais — disse David Loevinger, ex-coordenador sênior do Departamento do Tesouro americano para assuntos da China e agora analista no TCW Group Inc.
O PBOC havia resistido a ampla flexibilização da política monetária depois de, no primeiro trimestre, o crescimento econômico ter caído para 7,4% na comparação anual. Em vez disso, ele usou ferramentas como o repasse, redesconto e empréstimos prometidos para crédito direto a indústrias específicas ou projetos, como a habitação de baixa renda e agricultura, bem como na redução dos custos de financiamento. Os reguladores também aumentaram a capacidade dos bancos de emprestar dinheiro, alterando a forma como os empréstimos-depósitos são calculados.
Em um discurso no Fórum Econômico Mundial na cidade chinesa de Tianjin, no início deste mês, o premier Li disse que o governo não vai se distrair com as flutuações de curto prazo nos indicadores econômicos individuais e manterá seu foco em ajustes estruturais.
— A abordagem de tentar usar medidas específicas, em vez de promover uma ampla expansão do crédito indica forte desejo do governo de não voltar atrás nas reformas do setor financeiro, apoiando o crescimento — disse Eswar Prasad, ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) que leciona economia na Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova York.
Analistas do Bank of America e do Goldman Sachs acreditam que, frente ao atual cenário, diminuem as chances de a autoridade monetária reduzir os juros. Segundo eles, os reguladores podem introduzir outras medidas, tais como acelerar os gastos do governo e reduzir as taxas de hipotecas para estabilizar o crescimento.
— Parece que o PBOC finalmente começou a se tornar mais agressivo para salvar uma economia lenta — disseLiu Li-Gang, analista-chefe da Greater China em Hong Kong e economista do Australia & New Zealand Banking Group Ltd.