MARIANA SCHREIBER - Folha de São Paulo
De janeiro a novembro de 2013, foram US$ 23,125 bilhões, 1.025% mais que os US$ 2,055 bilhões gastos no mesmo período de 2003.
Naquele ano, a realidade era outra. O dólar mantinha-se caro, após disparar em 2002 para R$ 4, devido ao temor do mercado com a eleição de Lula. O cenário era de retração econômica e aumento do desemprego.
Com isso, as viagens ao exterior recuaram e o saldo entre gastos de brasileiros lá fora e de estrangeiros aqui ficou levemente positivo.
De lá para cá, não só o número de brasileiros rodando o mundo cresceu em ritmo bem maior que o de estrangeiros vindo ao país, mas também o gasto médio lá fora disparou.
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ROMBO
Como os gastos de estrangeiros aqui não cresceram na mesma velocidade, 2013 deve fechar com rombo recorde de R$ 18,6 bilhões na chamada conta turismo, prevê o Banco Central.
O economista da PUC-Rio José Márcio Camargo observa que o aumento das viagens internacionais na última década refletiu, além da valorização do real e da alta dos salários, a inflação alta do país. "Ficou relativamente mais barato consumir lá fora", diz.
Com a vantagem, passou a 1,791 milhão em 2012 o número de brasileiros que foi fazer compras nos EUA, segundo o Ministério do Turismo. Eram 349 mil em 2003.
DESTINOS
No mesmo período, o total de brasileiros viajando ao exterior cresceu 244%, para 8,1 milhões. Com isso, os EUA passaram a ser nosso principal destino turístico, ultrapassando os vizinhos Argentina e Uruguai.
O presidente da Embratur, Flávio Dino, diz que o mais comum no mundo é o turismo de fronteira, mas o Brasil é pouco integrado aos seus vizinhos. Há poucas ofertas de voos e não há
ligações por ferrovias, exemplifica.
Além disso, o principal centro turístico do país, o Rio, era mundialmente famoso pela violência.
Apesar do temor de novas manifestações, Dino acredita que a Copa será positiva. "O espírito de festa vai prevalecer, como na Copa das Confederações. Nossas pesquisas mostraram que mais de 90% dos estrangeiros disseram que voltariam ao país."
O crescente deficit entre gastos de turistas estrangeiros aqui e brasileiros lá fora é um dos fatores que explicam o aumento do saldo negativo nas contas externas brasileiras, que deve fechar o ano com deficit recorde de US$ 79 bilhões.
Para tentar conter esses gastos, o governo aumentou no dia 18 o imposto sobre cheques de viagem, cartões pré-pagos e saques no exterior com cartões de débito.